The Missing: 7.0 - A advogada.
- Gi Saggiomo
- 12 de jul. de 2018
- 4 min de leitura

- São quinze corpos, delegado! QUINZE! E ainda pior, quinze corpos de personalidades importantes dessa cidade! A imprensa vai pirar! - Capitão, senhor, com todo o respeito, eles estavam também todos envolvidos em escândalos públicos, prostituição infantil, propina, drogas, de tudo. Se a mídia pegar menos em nosso pé com as acusações de estarmos acobertando aquelas pessoas... - Vai dizer que isso é bom? - Bem, a mídia parar de ir na contra-mão de todas as investigações... É, acho que isso seria algo bom. O capitão até tentou argumentar, mas as notícias corriam rápido e já haviam repórteres em sua porta. Prado usou de toda a disposição que tinha para tentar desviar a atenção dos repórteres do fato de que eles haviam "deixado" aquilo acontecer, até porque, eram 15 corpos e aquilo não contava a favor deles, mesmo se Prado fosse uma figura muito amigável, o que ele não era. Mas os repórteres pareciam muito dispostos a acreditar que quem quer que fosse que houvesse assassinado aquelas pessoas havia feito mais bem à sociedade do que mal. Os próximos dias foram como de costume. Catalogar os itens encontrados no carro, encaixotar tudo, guardar no armazém junto com todo o material referente ao caso… Todo o material... Menos o pendrive. Prado o mantivera consigo, assistindo e reassistindo, tentando descobrir qualquer pista nova que fosse nele, não que ele parecesse estar avançando com isso. Ele poderia ordenar uma busca, mas pedir que procurassem por toda a cidade uma mulher branca de cabelos coloridos parecia uma ideia ridícula. Ele suspirou e fechou os olhos por um instante, jogando o rosto para o teto. - O que você quer de mim...? - Um bom dia? A resposta fez Prado pular na cadeira, levando a mão até a arma em sua cintura. Diante dele estava uma mulher de cabelos e olhos castanhos. Vestia um elegantíssimo conjunto de blazer e calças vermelho, assim como um sapato de salto alto negro. - Quem é você? - Doutora Helena Nobbi. - ela sorriu calmamente, como se divertindo-se com a reação do delegado. - A advogada da família da vítima. Fiquei sabendo que recuperaram todos os artefatos dela. - Isso é informação confidencial. - Não para mim. - ela caminhou até ele e entregou uma carta. - E esqueceu-se do doutora. Prado ficou em silêncio, retirando a mão da arma e levando-a até a carta. “Doutora Helena, peço que recupere todos os meus colecionáveis com a polícia e os deixe com minha avó. Ela já sabe onde guardar. Agradeço por esse serviço e prometo que será o último.” - ... - Prado ficou calado por alguns momentos. A carta não seguia o padrão das que ela costumava deixar para ele, tão... Desconfortavelmente carinhosas. - Bem, ainda não catalogamos todos os itens. A senhora terá de esperar a catalogação de todos e também o fim das investigações sobre os assassinatos. - Assassinatos? - Não sabia que sua cliente é a responsável por todas essas mortes? - Parece ter bastante certeza disso apesar da polícia não ter apresentado prova nenhuma. Prado mordeu a língua por um instante. Ele havia se esquecido que sem o vídeo que ele próprio havia recebido não havia nenhuma prova concreta de que ela era a assassina. - Tem razão. Peço desculpas pelo meu engano. - Sem problemas. - a advogada sorriu novamente. - Mas terei de acompanhar todo o processo de catalogação agora que recebi essa instrução. - Isso faz parte dos seus trabalhos... - ele olhou para ela, encontrando um olhar desgostoso da parte dela. - Doutora? - Sim, quando sou paga para isso. Eles se encararam por alguns segundos. Algo nos olhos castanhos dela pareciam estar brincando com ele, mais do que a maioria dos advogados, ao menos. Todos sempre tratavam Prado como se ele fosse um cão estúpido... Ao menos essa mantinha as ofensas para si mesma. - Que seja. Se sente que deve. Mas a senhora deve se comprometer à não tirar nada do lugar. Os robôs e eu estamos nessa tarefa faz tempo já. - Claro, não tocarei em nada. Ela levou as mãos ao teto em sinal de quem concordava com a condição dele. - Começaremos amanhã pela tarde. Preciso resolver os problemas dos assassinatos primeiro. - Sim, senhor. - ela riu-se outra vez. - Até amanhã delegado. E saiu. Prado ficou encarando a porta por onde ela havia passado por alguns instantes, sem saber ao certo o que havia acontecido. O caso todo era... Extraordinário. Inacreditável, até. Como podia uma simples garota ter se metido com tanta gente da pesada? E mais ainda, como ela conseguira entrar na casa para executar todos os assassinatos? Teria ela feito amizade com os criados? Não. Ela parecia conhecida de todos da mesa. Ela era do círculo de confiança deles. Mas o tal BJ havia dito que ela não existia mais… O que havia acontecido com todos eles? E o que ele faria com o Tesla do lado de fora da delegacia? Não havia mais à quem devolver. Ele respirou fundo e fechou os olhos, soltando o pescoço e deixando que o rosto pingasse na direção da mesa. Ele encarou a madeira dela por mais alguns minutos antes de levantar e deixar a delegacia.