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Eu tive um cara uma vez

  • Foto do escritor: Giovanna Saggiomo
    Giovanna Saggiomo
  • 9 de jun. de 2017
  • 2 min de leitura

Eu tive um cara uma vez.

A gente não se dava bem de começo. Inseguros demais para reconhecer o quanto éramos idênticos, apenas buscando alguém com quem se conectar.

Se me perguntassem eu diria que o detestava e ele de certo diria que eu era indiferente, já que odiar nunca foi do feitio dele.

Ele era aquele tipo palhaço que atrai pessoas para si e eu fingia uma falsa superioridade que por incrível que pareça, também atraía pessoas para mim. Elas pareciam moscas atraídas pela minha luz fatal e ele era como mel, atraindo-as para algum tipo de armadilha saborosa.

Eu passei anos sem notar como éramos parecidos, acho inclusive que a atração entre nós começou antes, quando eu ainda achava que éramos completos opostos.

Eu acredtava que éramos tão ridículamente diferentes que não havia porque me preocupar com a presença dele. Que ilusão a minha. Era como tocar um espelho.

Reconhecendo cada milímetro de si mesmo, buscando qualquer tipo de conforto, mas o reflexo só pode te olhar com a mesma expressão perdida que você olha para ele.

Ele se tornou meu suspiro. Minha loucura e musa. Meu desejo, meu anseio. Meu melhor amigo. Me conhecia talvez melhor que a maldita palma da minha própria mão e eu o detestava quase tanto quanto o amava. Quase.

Ele conhecia meus segredos. Meus medos. Ele entendia meu jeito e respeitava meu espaço. Ele se dedicava à mim, mesmo quando nem eu mesma o fazia.

Mas somos iguais demais. Faltou em nós algo que permitisse que ao meus sonhos e simultâneos pensamentos se exilassem, me permitindo por fim descobrir o que seria uma solução melhor.

E como tudo passa, passou também o momento. A vida seguiu, e talvez tenhamos perdido aquele único momento na fina trama do espaço que permitisse que por fim todo o devaneio passasse.

Ele ainda me conhece melhor do que qualquer um. Ele ainda é meu confidente e amigo, meu amante secreto por entre linhas de papel com tinta.

Por isso talvez as linnhas nunca deixem de fluir.

...

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