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The Missing: 5.O Vazio

  • Foto do escritor: Giovanna Saggiomo
    Giovanna Saggiomo
  • 7 de jun. de 2017
  • 3 min de leitura

- Ahhhhhhh!

A voz dele era abafada e quase afogada, engasgada no que quer que fosse e talvez todos os homens ali considerassem apenas que ele havia engasgado no canolli, não fosse o fato de que sangue logo começou à escorrer de suas orelhas.

Ah, quase me esqueci de avisar... Os canollis estão envenenados por uma mistura com o veneno da Oxyuranus microlepidotus, vulgarmente conhecida como Taipan. Uma cobra que aparentemente, nem parece ser assim tão ruim. Achei que combinava bem com a ocasião.

O homem ao lado do que gritava tentou responder algo, mas quando deu por si de que havia sangue escorrendo de suas narinas, assim como dos olhos do homem diante dele, desistiu.

Os gritos foram aumentando e só cessaram pouco a pouco, quando todos caíram de cara nos canollis, as poças de sangue sob seus pés apenas aumentando.

- Uff, por fim se calaram... - ela então olhou na direção do hacker. - Não vai se servir, Bandit?

- Não.

- Sabe que não posso te deixar sair vivo daqui.

- Sei que não quer. E isso parece ser ainda pior do que não poder para você.

Ela apenas acenou brevemente com a cabeça, como se concordasse.

- Eu estou pronto para aceitar a morte que tiver escolhido para mim. Afinal, essa também parece dolorosa.

- Bom, o veneno originalmente destruía o sangue, causando hemorragias internas, mas eu pedi algumas alterações para que a cena final fosse mais dramática.

- Pediu alterações?

- Isso não importa, o fim ainda é o mesmo. A morte.

O hacker permaneceu em silêncio por um momento, parecia ponderar algo, então, se ajeitou melhor na cadeira.

- Você não parece desconfortável. - ele observou, calmamente.

- Com os corpos?

- E o sangue, toda essa situação.

- Eu bolei isso eu mesma, Bandit. Não teria escolhido algo que eu não daria conta.

- Acho que no fim, é tão fora da curva quanto eu. - a garota levantou uma sobrancelha - Pessoas como nós. Somos mais desconfortantes do que os robôs, para a maioria das pessoas. Parece até que para eles os robôs são mais normais... Mais humanos.

- Se acha que essa história vai render que eu fique com dó e deixe você ir...

Não. Eu apenas preciso te contar algo... - ele olhou para a câmera e depois para ela. - Em particular.

A garota se aproximou de novo e baixou o rosto, bem próximo do dele. Ele sussurrou algo no ouvido dela e por um segundo os olhos da mesma se arregalaram, voltando depois ao seu tamanho natural conforme um sorriso gentil surgia em seus lábios.

- Teria sido ótimo, de fato.

- Torcerei para que tenha essa sorte na próxima vida.

Eles trocaram um sorriso pelos curtos segundos que o silêncio se estendeu e então, a garota levou a mão até o interior de sua saia no vestido, retirando do interior de uma das coxas um pequeno objeto que mais parecia uma caneta.

- Adeus Bandit.

- Adeus, até a próxima vida.

Ele fechou os olhos pouco antes da garota atravessar seu pescoço com o objeto. O corpo dele tremeu e um gulfo de sangue atingiu a mão da mesma, tingindo sua pele pálida, mas ela apenas soltou o objeto e deixou-o preso ali. Balançando a mão para tirar o excesso de sangue dela.

Em seguida, caminhou até a câmera e deu um sorriso, acenando levemente antes de desligar.

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