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Cecillia: 16

  • Foto do escritor: Giovanna Saggiomo
    Giovanna Saggiomo
  • 11 de jun. de 2016
  • 8 min de leitura

“Greenieart?” – o grito dos três foi completamente ao mesmo tempo, de forma que Cecillia chegou a sentir as pernas tremerem.

Ela fechou os olhos de forma incerta. Não sabia o que lhe aconteceria ali. O que eles fariam? Talvez às mandassem à Askaban. Ou talvez eles lhe matassem ali mesmo, uma vez que ela poderia ser uma ameaça muito grande... O que fariam com ela?

Ao abrir os olhos novamente, viu os três puxando suas varinhas. Sentiu o impulso de puxar a sua também, de armar-se, de defender-se. Ela podia sentir a própria varinha sendo compelida à sua mão direita.

‘Não...’ ela sabia que o único jeito de sair viva daquele encontro era não revidar, e por isso, resistiu à esse impulso.

“Expelli...” – Rony e Harry começaram a conjurar ao mesmo tempo, porém, quando Cecillia levantou as mãos em um claro sinal de rendição, eles pararam no meio do feitiço.

Hermione embora empunhasse sua varinha parecia ainda tentar ler a bruxa, foi quando observou o objeto pendurado ao pescoço da outra bruxa, com os olhos arregalando-se em choque.

“Harry! Rony” Parem!”– ela então apontou na direção do peito de Cecillia com sua varinha. – “É um vira-tempo!” – E então, virou-se para Cecillia. – “Onde conseguiu isso?”.

Cecillia olhou em volta e depois para as varinhas de Harry e Rony que ainda estavam apontadas para ela.

“Eu juro que estou aqui para ajudar, mas, por favor... Podem ao menos não apontar as varinhas para mim?” – ela olhou para os garotos, porém, eles não pareciam inclinados a seguir seu pedido. – “Por favor, eu vim aqui por vontade própria.”.

Isso bem era verdade, de forma que agora, embora os garotos parecessem contrariados em acatar seu pedido, eles acabaram cedendo, guardando suas varinhas mais uma vez nos bolsos de suas vestes.

“Eu, não sei o que houve aqui nesse tempo, porque... No meu tempo... Digo, no tempo de onde eu vim, as coisas haviam ocorrido diferentemente...” – ela parecia confusa, e sem saber como explicar... Como explicar o que havia acontecido de diferente sem saber havia acontecido agora?

“Como assim?” – até mesmo Hermione parecia um pouco confusa. – “Quer dizer que a realidade de onde você veio, o futuro de onde você veio, é diferente desse? Como isso é possível?” – ela parecia irritada ao encontrar um desafio mental tão grande mesmo para ela.

“De quando eu venho, o Sr. Potter matou Volde... Ahn... O Lorde das Trevas, e vivíamos todos em paz, sem guerras e sem assassinatos...” – ela observou enquanto os três ali demonstravam uma nova esperança no olhar. – “Quer dizer... Hogwarts já estava bem e nós estudamos lá normalmente, sangues-puros, mestiços e nascidos-trouxas... Porém, minha mãe, Lillian...” – ela observou o quanto eles haviam se tornado tensos. – “Ela andava obcecada com o vira-tempo. Obcecada com o passado, obcecada com a morte de...”.

“Severus Snape.” – concluiu Hermione. – “Foi por isso que ela voltou no tempo, então...”.

Rony e Harry pareciam não seguir o raciocínio de Hermione, de forma que ela soltou um suspiro mal-humorado ao ter de explicar.

“Lembram-se quando capturaram uma das Lilians que estavam às margens do lago, a mais nova?” – ela observou enquanto os dois pareciam, muito lentamente, seguir seu raciocínio. – “Ela havia dito que não fizera nada, que não sabia de onde aquela outra havia aparecido, tanto que disse que poderia até ser poção polissuco. Porém, quando foram analisar o corpo, não encontraram nenhum efeito de poção polissuco... Apenas encontraram...”.

“Aquele outro vira-tempo!” – Harry então correu até a própria mesa, abrindo a primeira gaveta e puxando de ali de dentro o vira-tempo encontrado sobre o corpo da segunda Lillian. Era muito parecido com o vira-tempo que estava agora no pescoço de Cecillia.

“No tempo de onde eu vim, o Sr. Potter havia vencido o Lorde após assistir as memórias do Professor Snape.” – Hermione havia notado o quanto ela tratava mais intimamente Snape do que eles, mas, resolvera esperar para ouvir a versão dela. – “Depois disso, Hogwarts foi reconstruída, e a Professora McGonagall assumiu a diretoria da escola. Quando por fim a recuperação toda havia terminado, toda a vida voltou ao normal...”.

“Quem dera...” – Rony reclamara baixinho, logo observando Harry ao seu lado. – “Essa Lillian que voltou deve ser a sua mãe... Enfim, ela voltou e tentou esconder Snape do Voldemort.” – ele reclamou um pouco desanimado. – “Então, sem ter a posse da varinha das varinhas, Voldemort resolveu fugir, mas, no meio do caminho, viu Lillian e Snape deitados às margens do Lago Negro...”.

“Então ele ficou furioso, e matou Snape enquanto ele estava apagado sobre o colo da sua mãe... Sua mãe ficou cheia de ódio e tentou matar Voldemort...” – Harry então parou um segundo, para engolir em seco. – “Então, quando ela e o Lorde lançaram ao mesmo tempo o Avada Kedavra, os feitiços rebateram e explodiram... Sua mãe morreu na hora e o Lorde saiu ferido.”.

“Entendo...” – Cecillia respirou de forma lenta e pesada, como ela havia imaginado, era tudo culpa da mãe. – “Eu quero ajudar. Eu quero ajudar a consertar tudo, por favor.”.

“O que?” – Rony parecia chocado. – “Nós acabamos de lhe dizer que sua mãe está morta e você nem... Você nem...”.

Embora os três parecessem chocados, Rony era o mais chocado de todos. Não só ele, como todo o trio, era muito ligado à família Weasley, de forma que já se sentiam parte dela.

“Eu não tenho mãe.” – as palavras foram frias e ainda assim, tristes. – “Essa mulher iludiu meu pai, ela casou-se com ele e o abandonou. Nos abandonou! E agora...” – as lágrimas agora enchiam seus olhos. – “E agora eu voltei e tive de dizer à ele que a mulher que ele sempre amou um dia foi dele e lhe abandonou mais uma vez...”.

O silêncio tomou não só os lábios, mas, também os rostos dos outros três...

“Ela... Ela passou a minha vida inteira dentro da biblioteca, sabe...? Depois do primeiro ano... Ela nem vinha mais jantar comigo quando eu voltava nas férias...” – Ceci respirou fundo, engolindo as lágrimas. Era uma sonserina, não choraria assim na frente deles. Como poderia explicar? – “Não é que eu a quisesse morta... Eu só não consigo... Ela magoou tanto o meu pai...”.

Harry respirou fundo. A garota parecia exausta, e a expressão em sua face era simplesmente traumatizada demais para ser fingida. Não queria forçar a garota a continuar revivendo aquela sua realidade que não mais existia... Mas era necessário saber cada detalhe...

“Ahn... Cecillia...” – Harry respirou fundo e olhou para Hermione. Ela parecia tão desconfortável quanto ele. – “Desculpe, mas... Eu preciso saber mais sobre a realidade de onde você veio e sobre a sua vida pessoal... Ahn...” – ele engoliu em seco. – “É importante para entender as motivações da sua mãe... E se é possível que a Lillian do presente pretenda fazer algo semelhante.”.

“Eu entendo...” – ela então olhou em volta, até encontrar uma cadeira ao canto da sala. – “Eu posso pelo menos me sentar...? Eu... Não dormi...”.

Hermione pegou-a pelo ombro com um sorriso doce, provavelmente influência de Molly Weasley, levou-a até a cadeira, ajudando-a a sentar.

“Minha mãe estudou em Hogwarts na mesma época dos seus pais, Sr. Potter...” – respirou fundo, seria difícil contar aquela parte olhando nos olhos verdes dele, ela ouvira a história sobre ele ter os olhos de sua mãe. – “Ela apaixonou-se por Severus no trem, quando o viu batendo papo com a sua mãe em uma das cabines... No começo... Ela gostava da sua mãe, mas... Com o passar do tempo, sendo que Severus era apaixonado por ela, e que por causa dessa paixão dele, o seu pai e os outros marotos apenas zombavam dele, minha mãe pegou raiva de todos os grifinórios...” – olhou nos olhos de Harry apenas para ficar com mais peso na consciência e voltar a olhar para o chão. – “Ela passou todos os anos de Hogwarts perseguindo Severus, e seguiu ele até os comensais também... Eu não sei o que ela fazia lá... Ela nunca comentou... Mas comentou que fez tudo isso por amor...”.

“Ela seguiu-o a vida toda, e viveu por ele... Foi isso, não foi...?” – Harry parecia um pouco incomodado com a situação. – “Ela fez por ele a mesma coisa que ele fez pela minha mãe.”.

“Sim. A professora McGonagall encontrou a minha mãe no lago, chorando sobre o corpo do professor Snape depois de vocês derrotarem Voldemort. E ofereceu um acordo com ela. Se ela entregasse os demais comensais, registrasse-se como anímaga e vivesse... Vivesse por Snape... Por todos que haviam morrido naquela guerra... E também por seus pais, Sr. Potter... Por tudo que eles dariam para poderem estar com você...”.

Todos na sala prenderam a respiração por um segundo. Que situação desconfortável... Triste demais para um dia normal... Mesmo para eles... Mesmo naquela realidade.

“Desculpe-me.” – Cecillia pediu, agora olhando novamente na direção dos olhos verdes de Harry. – “Severus sempre dizia que você tinha os olhos de sua mãe... São olhos adoráveis... Tenho certeza que ela teria lhe olhado sempre de forma carinhosa com eles...” – ela respirou fundo, desviando os olhos novamente. - “Voltando, ela não só destruiu a vida do papai e a minha... Destruiu a vida de vocês também... De tantas pessoas inocentes que nada tinham haver com aquilo tudo... Desculpem-me...”.

Hermione e Rony observaram os dois com os olhos cheios de lágrimas. Ambos tão machucados que pareciam incapazes de não culparem-se daquela situação miserável... Mas o que poderiam ter feito?

Cecillia deveria ter adivinhado as más intenções de sua mãe e tê-la matado?

Harry deveria ter matado Voldemort quando ainda era um bebê?

Não havia o que eles terem feito que não tivessem feito.

Ela então tocou o ombro de cada um deles com uma de suas mãos, Rony imitou seu gesto.

“Não é culpa de nenhum de vocês. Vocês fizeram tudo que podiam. Você também, Cecillia.” – A voz de Hermione era reconfortante, porém, não o suficiente, ao menos, não para Cecillia, que não tinha relação nenhuma com a bruxa... – “Nós vamos dar um jeito nisso tudo.”.

“Certo.” – Harry concordou, engolindo as lágrimas mais uma vez. Mas que tempos terríveis. – “Cecillia, você tem onde ficar, ou como se sustentar nessa realidade?”.

“Não...” – ela lembrou-se da expressão destruída e partida do pai naquela mesma manhã. – “Eu não consegui destruir a vida do meu pai de novo... Eu usei um obliviate nele e... E fugi assim mesmo...” – ela abriu apenas um pouco seu robe, na altura da gola, apenas o suficiente para demonstrar o pijama por baixo dele. – “Eu não tive tempo de pegar nada da minha realidade... Nada além da varinha...”.

“Certo...” – Harry concluiu de forma pensativa, a garota precisava de um sustento. – “Bom, Cecillia, você disse que queria ajudar, não é isso?”.

“Claro! Com tudo que eu puder! Minha mãe já destruiu a vida de pessoas demais! Eu vou consertar isso!” – como num passe de mágica sua força de vontade havia retornado. Era uma boa menina, o trio notara isso.

“Você agora faz parte de minha equipe pessoal de investigação sobre Voldemort e os comensais. Concorda com isso?” – Hermione censurou-o com os olhos, porém, Harry seguiu com o assunto. – “Rony, acha que pode conversar com o ministro sobre ele contratar Cecillia e colocá-la em sua folha de pagamentos?”.

“Claro, Harry.” – Rony sorriu, parecendo feliz com a forma como as coisas pareciam ter se resolvido, ao menos até o momento. – “Resolveremos isso hoje mesmo, afinal, acredito que Cecillia precisará comprar algumas roupas...” – Ele comentara sem parar para pensar, ficando vermelho somente ao fim da frase.

“Certo. Cecillia, você não tem onde ficar, certo? Você será bem-vinda ao largo Grimmauld se quiser se unir a nós.”.

“Sr. Potter...”

“Harry, por favor.” – Harry, porém, parecia curioso com mais um assunto. – “Cecillia, me permite uma pergunta? Por que nos chama de Sr. Potter, Weasley e Granger e chama o Prof. Snape de Severus?”.

“Ahn... Na realidade de onde eu vim... Vocês já eram bem mais velhos do que eu, e... Estavam sempre envolvidos em assuntos importantes... Então, eu nunca os vi pessoalmente... Já Severus... ” – ela respirou. Que saudades de Severus. – “Bem... Da realidade de onde eu vim, você encomendou um quadro com um vaso de lillies para ele... E ele era tão feliz com aquele vaso... Era uma pessoa tão suave, alegre, feliz... Era uma pessoa tão agradável... Ele me deu aulas particulares de poções e, então... Éramos amigos... Bastante próximos... Eu ouvia as histórias da minha mãe quando era menor... e eu queria conhecer aquele homem tão... Mágico que ela sempre descrevera...” – ela mordeu os lábios. - “Ele era feliz, Harry... Acredito que todos éramos... É por isso que eu quero ajudar... Eu quero a felicidade de novo...”.

O silêncio dominou-os novamente, pareciam todos perdidos em desejos de felicidade, escondidas dentro deles mesmos, esperando para se revelarem.

E por Deus, como todos desejavam que elas se revelassem.

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