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Cecillia: 36

  • Foto do escritor: Giovanna Saggiomo
    Giovanna Saggiomo
  • 1 de ago. de 2016
  • 5 min de leitura

"Ceci...".

Uma voz a chamava ao longe, mas ela estava incerta de quem era, ou mesmo de onde estava.

Estava escuro, e ela podia ouvir o barulho do vento levando algo... Talvez folhas secas... Algumas vozes chamavam seu nome, mas enquanto algumas pareciam preocupadas com ela, uma delas gritava mais alto.

"Ceci... Cecillia... Cecillia!".

E então, tudo o que ela podia ver era o rosto da mãe. Deformado em insanidade. O cabelo curto desgrenhado ao vento. Um sorriso cruel.

Ao abrir a boca, ela viu dentro dela o gigantesco canyon que se abrira entre ela, o pai e o cão ainda em seu tempo de origem, onde viviam antes pacificamente... Engolindo o pai... O cão... E de súbito Narcissa Malfoy também... Caindo... Caindo...

E então, Draco, pendurado na beira do penhasco com um chicote ao redor do pescoço. Mas não o chicote de Bellatrix. Era a varinha dela, o chicote dela. E não só.

Sua própria imagem estava ali, com seus cabelos castanhos desgrenhados, expressão insana. Seus olhos azuis contra os olhos cinza dele... E então...

A varinha quebrou, estourando o chicote enquanto Draco caía também dentro daquele gigantesco canyon.

"Não!" - ela abriu os olhos e se sentou. Tudo não passara de um sonho...

Ou melhor, um pesadelo. O corpo ainda doía do Cruciatus que a atingira. E ela não sabia ao certo onde estava.

Ao olhar ao redor, reconheceu que ainda estava num quarto da mansão Malfoy... Mas não no seu.

"Acordou...?" - um Draco Malfoy apenas de toalha saiu do banheiro da suíte.

"Draco!" - ela exclamou, desviando os olhos.

Ele riu, e passou então reto pela cama, até o guarda-roupas na parede oposta. Pegou uma bela troca de roupas e colocou-as sobre a cama.

"O que vai fazer?".

"Me trocar."

"Aqui?" - os olhos da morena seguiram pelo peito nu dele por um momento, e então ela os desviou de novo.

"Claro. O quarto é meu. Já viu o que está vestindo?".

Cecillia baixou os olhos para o próprio corpo, e então, notou que estava apenas com uma das camisolas que comprara quando estava no beco diagonal com Hermione.

"Malfoy!!! O que você fez?".

E ela então puxou e edredom por sobre seu corpo, corando enquanto gritava com o mesmo. O loiro logo explodiu em risos.

"Granger e Lovegood te banharam e trocaram. Você tinha deslocado a coluna durante o cruciatus de Bellatrix... E Granger também... Consertou... Você.".

"Ah..." - então era por isso que seu corpo doía tanto... Mas, se tudo aquilo era verdade, então... - "E a sua mãe...?".

Draco soltou um suspiro desgostoso. Livrou-se da toalha e começou a vestir-se... Para a sorte de Cecillia, ou não, ele já tinha vestido uma cueca no banheiro.

Ele olhou para ela após vestir a calça, mas, pareceu ser incapaz de dizer qualquer coisa, então, continuou a vestir-se.

"Por que eu estou no seu quarto?" - ela achara por bem trocar o assunto... Afinal, o silêncio dele já deixara evidente que ele não queria falar daquilo.

"Você estava tendo pesadelos, então eu a peguei e te trouxe para cá... Assim... Ficaria mais fácil de vigiar você." - ele então voltou a olhá-la, caminhando até a mesma e sentando-se na cama ao seu lado, por sobre o edredom. Ao vê-la corar, porém, acabou sorrindo. - "Não precisa ficar assim. Estivemos dormindo juntos, sabe?".

"E quem foi que disse que era isso que eu queria?" - ela interveio, olhando feio para o mesmo.

"Seu corpo enquanto se agarrava a mim no meio da noite me pareceu motivo o suficiente.".

"Mentiroso.".

"Não sou.".

Ele então se levantou, afastando-se dela mais uma vez. Ele caminhou até o meio do quarto e soltou um suspiro, depois se voltando para ela.

"Você quer... Ou melhor, você consegue se banhar? Se já estiver sentindo-se melhor, eu posso chamar Potter e os demais para que... Pensemos numa forma de resgatar a minha mãe.".

"Me desculpe por retardar seus planos.".

"Pare de se desculpar.".

"O quê?".

"Mandei parar de se desculpar! O que diabos você estava pensando?" - de súbito a fraqueza nele desaparecera, deixando um Malfoy evidentemente furioso em seu lugar. - "Se oferecer para tomar o lugar da minha mãe? O que você estava pensando? Minha tia apenas não te matou porque parece que elas estavam se divertindo mais nos torturando!".

Ele estava... Bravo? Mas, tudo que ela queria era proteger Narcissa! Impedir que ele tivesse de passar por aquilo. E não só ele! Impedir também que Narcissa passasse por o que quer que fosse que ela estivesse passando.

Por que ele estava brigando com ela?

"Era o meu dever proteger vocês!" - ela agora vociferava em resposta. Maldito orgulhoso mal-agradecido. - "Você sempre soube disso!".

"Mesmo que isso custasse sua vida?".

"Mesmo assim!".

Ele voou para cima dela, prendendo o corpo dela sob o seu. As mãos prendendo os punhos dela contra o colchão enquanto ele olhava-a furiosamente.

"Sua imbecil! Você acha que se morresse melhoraria o mundo? Se realmente acredita nisso por que voltou? Por que não se deixou destruir junto da sua dimensão? Estava com medo?" - a voz dele lhe provocava, estava evidentemente tentando humilhá-la ou sabe-se lá o que.

"Não!" - ela quase gritou em resposta. Furiosa por ele estar duvidando de suas intenções.

"Então por que voltou?".

"Para desfazer todo o mal que a minha mãe fez!".

"Então continue viva. E apenas se permita morrer depois que matá-la. Ou você terá morrido em vão." - a voz dele era calma e pacífica agora, um sibilo baixo enquanto os olhos dele olhavam para dentro dos dela.

Seu corpo se arrepiou. Ela podia sentir a respiração furiosa dele contra seu rosto. Seus próprios seios balançando com a respiração pesada após a discussão com ele.

Ele parecia ter notado aquilo, uma vez que os olhos acinzentados dele deixaram os seus para mirar seus lábios, pescoço, seios... Ele então voltou a mirá-la nos olhos, e abriu um sorriso cafajeste.

"Fraca assim eu não tenho o menor desejo por você...".

E então, ele saiu de cima da mesma, caminhando na direção da porta.

"Mentiroso!".

"Hahaha..." - ele olhou-a então por sobre o ombro, rindo. - "É, dessa vez sou. Tome um banho e me encontre lá embaixo. Temos de falar com Potter e os demais.".

E então, saiu.

A morena encarou a porta por onde ele saíra por alguns minutos, e então, se levantou, lentamente. O corpo doía num patamar completamente novo, principalmente sua coluna...

Consertada, huh? Ela não se sentia nem um pouco consertada!

Ao chegar ao banheiro, retirou a camisola e o restante de sua roupa de baixo, vendo algumas marcas roxas bem feias em seu corpo, provavelmente causadas pelas contrações musculares causadas pelo cruciatus.

É, Malfoy de certo não sentiria desejo por aquilo... Parecia um extraterrestre com tantas manchas roxas assim. Mas, de que isso importava agora?

Resolveu então concentrar-se em seu banho, fechando os olhos e deixando que a água percorresse seu corpo cheio de hematomas... Afinal, independentemente de sua aparência, ainda tinham de salvar Narcissa Malfoy. E claro, encerrar o assunto com sua mãe.

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