Cecillia: 31
- Giovanna Saggiomo
- 16 de jul. de 2016
- 4 min de leitura
"Cecillia...?” – chamou Malfoy, quando ambos já estavam bem acomodados num canto do jardim, próximos da ala leste da casa.
“Sim?” – ela estranhou o tom de voz sério dele, mas, preferiu acreditar que não era nada demais.
“Como assim você não conhece Longbottom e Lovegood?”.
Boom. Tudo havia ruído.
Hermione de fato cometera um deslize leve... Muito leve, mas que não escapara à inteligência do loiro.
Draco Malfoy podia ser muitas coisas... Mas não era burro. Jamais fora.
E ela... Bem, Cecillia era uma bruxa bastante inteligente e muito apta à inventar desculpas rapidamente, porém, não quando o questionador olhava tão profundamente dentro de seus olhos.
“Hm?” – ele pressionou mais, tomando-a pelo punho e escondendo-se com ela atrás da parede exterior da casa. Prendendo o pequeno corpo da garota entre a parede e seu próprio corpo.
“D-Draco!” – ela gaguejou fracamente enquanto a voz sumia... Sua mente ficava completamente em branco e seu coração batia tão forte que ela achava que acabaria explodindo.
“Eu não sou idiota. Eu sei que nunca te vi em Hogwarts. E tive ainda mais certeza ainda no momento que te vi descendo as escadas. Nenhuma Sonserina bonita assim teria me escapado.”.
Apesar do tom de voz frio, ela podia ver a fúria ardendo em seus olhos. Draco não gostava que mentissem para ele... Na verdade, ele gostava de subordinados completamente submissos.
Ela ouvira histórias sobre Crabbe, Goyle e Pansy, e a forma como apenas faziam parte de seus “amigos” por sua obediência. Blaise Zabini parecia ser o único capaz de ser de fato amigo do loiro sem lhe ser submisso, mas, ela jamais lera nada sobre Zabini... Fora alguém realmente deixado de lado nas histórias que ela escutara.
“E-e-eu...”.
“Não minta!”.
Ela mordeu os lábios enquanto sentia o coração acelerar. Tão perto.
E ao mesmo tempo, tão longe... Ela sabia que se não o respondesse, ele jamais a perdoaria. E embora ela não pudesse dizer que a companhia de Malfoy era a coisa mais agradável que conhecera, seria mentira dizer que ela não sentiria falta de sua companhia...
Afinal, juntamente de Narcissa, era sua única companhia nos últimos tempos.
“Eu não sou desse tempo...”.
“O... O quê?” – ele a olhou sem entender, começando a se afastar.
“Não, não!” – ela abraçou a nuca do loiro, mantendo-o perto. – “Se...Se realmente quiser saber, não se afaste.”.
O loiro ficou um pouco em choque. A garota realmente o estava abraçando. Abraçando de verdade.
Não como se abraça um colega, mas, como se abraça alguém de quem se precisa, como se abraça toda uma vida...
Ele acabou por soltar um suspiro e envolver a cintura dela com um dos braços... A outra mão ainda estava apoiada contra a parede, prendendo-a ali.
“Vai me dizer que é uma viajante do tempo...?”.
“Não zombe de mim, Malfoy.”.
“Não brigue comigo quando está me abraçando desse jeito.” – ele soltou um riso debochado, o que a fez lhe lançar um olhar furioso. – “Está bem, desculpe.”.
“Jure que não contará à sua mãe...”.
“O que?”
“Jure.”
“Tá bem.” – ele concordou ainda um pouco incerto.
“Eu vim do futuro, minha mãe destruiu a minha realidade quando voltou ao passado.”.
“Quê?”
“Da realidade de onde eu vim... Potter tinha matado o lorde das trevas, você e sua mãe viviam em paz, e seu pai estava em Askaban...”
“...!”.
“M-me desculpe!”.
“Quem é sua mãe?”.
“Lillian. Lillian Greenieart. Me... Me desculpe, se... Se eu soubesse o que ela pretendia fazer eu.. Eu jamais teria deixado! Eu teria impedido.. Me desculpe, eu...!”
As lágrimas começaram a escorrer, e antes mesmo que ela pudesse terminar de desculpar-se, sua voz não saía mais...
Ela não queria ter destruído a vida de ninguém, porém, por mais que tentasse se convencer de que era apenas mais uma vítima de sua mãe, ela não conseguia acreditar naquilo...
Se ao menos houvesse feito algo, qualquer coisa, aquela família ainda estaria completa.
Ferir Narcissa Malfoy era a pior coisa que ela poderia fazer. Ela vira com o passar dos dias o quanto aquela mulher era incrível, e por mais falho que fosse, era o mais próximo de uma mãe que ela tivera...
Mas claro, também não queria ferir Draco. A forma como ele fizera sua vida um inferno fora muito provavelmente um dos motivos pelo qual ela logo se sentiu melhor ali... Era como estar de volta ao colégio.
E enquanto as lágrimas escorriam ela podia sentir Draco tentando calá-la, silenciá-la, iniciando algumas argumentações e logo desistindo delas ao ver que sequer surtiam efeito... Ela sequer ouvia o que ele dizia.
Ela apenas se calou, ou melhor, apenas foi calada, quando algo foi colocado contra seus lábios. Não uma mão, mas um par de lábios de contorno fino e bastante masculinos.
Draco Malfoy a estava beijando enquanto ainda a segurava presa entre seu corpo e a parede. Ela podia sentir o peso do peito largo dele contra seu corpo pequeno, e a respiração dele contra sua face.
Podia sentir também o sabor suave dos lábios dele contra os seus, levemente entreabertos e ainda com um pouco do sabor das lágrimas contra a língua, enquanto as últimas delas contornavam agora o encontro das peles, até que por fim pararam de escorrer, muito embora o beijo ainda não houvesse cessado.