Cecillia: 26
- Giovanna Saggiomo
- 6 de jul. de 2016
- 5 min de leitura
Após o banho Cecillia já havia vestido roupas mais leves, uma calça negra mais solta e uma camiseta verde sonserina. Pensou em colocar seu pijama e ir dormir, mas sabia que Narcissa Malfoy não a deixaria em paz até ter todas as respostas que queria...
Já Draco Malfoy... Bem, ele não a deixaria em paz nunca provavelmente.
De fato, não demorou muito para que houvessem batidas mal-humoradas contra a porta de seu quarto.
"Minha mãe está a convidando para se unir a nós na janta." - a voz quase mecânica de Draco revelava que a mãe o havia obrigado a vir chamá-la.
"Obrigada pelo convite. Já irei descer." - ela encerrou o assunto ali. E ouviu Draco descer as escadas batendo os pés.
Após calçar uma sapatilha para ser usada em casa bastante elegante, ela saiu do quarto e desceu.
Nas escadas começou a se perguntar se não deveria temer o que poderia encontrá-la ali embaixo, mas, achou melhor que não. Teria de aceitar deixar aquelas duas pessoas com a posse de sua vida, afinal, estava em menor número, e não estava disposta a enfeitiçar nenhum deles...
Apesar disso, carregava sua varinha no bolso, afinal, estava ali para protegê-los de um possível ataque e não para tomar chá.
"Ah, vejo que resolveu unir-se a nós!" - a voz de Narcissa veio de uma sala à direita da escada, agora acenando suavemente para que Cecillia se unisse á ela. - "Sente-se, por favor.".
Narcissa apontou uma cadeira imediatamente diante da dela, na beirada da mesa, na ponta, Draco estava sentado.
Cecillia imaginou se a mãe lhe permitia sentar ali ou se ele tinha tomado aquele lugar de imediato após a morte do pai nessa tarde... Apesar de tudo, ele era agora o homem da casa, querendo ou não, e lhe pesava nos ombros algumas responsabilidades que ele teria de dar conta.
"Obrigada pelo convite, Senhora Malfoy." - Cecillia agradeceu e sentou-se, ajeitando os cabelos longos castanhos para trás.
"Imagine, não precisa agradecer... Mas, conte-me mais sobre você." - Narcissa fora muito mais rápida e direta do que Cecillia imaginara. - "Onde estão seus pais para que você esteja aqui cuidando de nós?".
Cecillia pareceu pensar por um segundo... Bem, seu pai do futuro estava morto, eternamente enterrado naquele abismo temporal que engolira ele e seu cão, a mãe, ela não sabia. Uma delas estava morta, mas poderia ser a Lillian do presente, ou do futuro... O pai do presente não a conhecia mais, então... A resposta era muito difícil.
Não poderia mentir para Narcissa, mas também não poderia dizer a verdade... Precisava pensar numa forma de não responder diretamente aquela pergunta.
"Minha mãe me abandonou e meu pai foi morto a poucos dias atrás..." - era uma verdade sem dúvida, mas não era exatamente uma verdade absoluta.
"Ah, sinto muito em saber..." - Narcissa ou fingia muito bem, ou de fato sintia algo. - "Entendo... Então você está sozinha agora...".
"Sim. Mas é um prazer poder servir à ordem e protegê-los.",
Draco estava bastante calado, talvez se sentisse mal por ter sido um pé no saco com alguém que estava passando pelas mesmas dificuldades que ele, mas nem por isso preocupou-se em se desculpar ou qualquer coisa assim.
Os elfos serviam a janta agora e ele fora o primeiro a tomar a iniciativa e começar a comer.
Cecillia foi a última a começar a comer, mas de fato a comida estava muito boa, ela comeu devagar, aproveitando cada garfada da deliciosa massa servida. Imaginou se haviam chances de aquela ser a última refeição de sua vida...
Bem, Lucius Malfoy havia sido morto dentro de Askaban, e ela tinha certeza de que os demais comensais estavam desejosos do sangue de sua família...
É, talvez fosse, mas com certeza era uma ótima última refeição.
Quando todos terminaram de comer os elfos retiraram toda a prataria. Draco levantou-se, e após ele, Narcissa e Cecillia o seguiram. Caminharam até a sala de estar e ali pararam mais uma vez.
"Agradecemos por seus serviços, senhorita..." - Narcissa queria saber o sobrenome dela, Cecillia sabia disso, mas ainda assim, resolveu contornar a pergunta.
"Pode me chamar de Cecillia, senhora.".
A decepção no olhar de Narcissa era bem óbvia, ela não conseguira forçar a mais jovem a lhe responder e não saber algo não a agradava.
Apesar disso, Cecillia sorria docemente, fingindo-se de inocente.
"Certo... Cecillia então." - ela tentava mascarar a frustração em sua voz, mas, sem sucesso. - "Bem, irei me deitar... Draco, por favor cuide para que nossa querida Cecillia se sinta em casa, está bem?".
"Sim, mãe. Boa noite.".
"Boa noite, Cecillia."
"Boa noite, senhora Malfoy” – Cecillia observou enquanto a mulher, constantemente elegante, subia as escadas.
O silêncio tomou a sala por um instante, enquanto ela observava a escada agora vazia. Podia sentir os olhos cinzas dele em suas costas, observando cada um de seus movimentos...
Talvez ele apenas estivesse tentando defender a mãe, mas, algo dentro dela a dizia que Draco tinha lá muitos outros motivos para ficar a assistindo daquela forma.
“Eu lamento em ouvir do seu pai.” – a frase do loiro pegou-a de surpresa, forçando-a a se voltar a ele. – “Imagino que seja difícil... Ainda mais sem... Ahn... Uma mãe...”.
Ela provavelmente lhe diria muitas coisas se não tivesse notado a leve vermelhidão nas maçãs do rosto do loiro... Ele parecia querer mesmo dizer aquilo, sem falsidades ou provocações.
“Está sendo um pouco... Mas acredito que mesmo tendo uma mãe seja bem difícil, não?” – a pouca raiva que ela havia juntado dele havia sumido agora, de forma que ela lhe dava um olhar calmo.
“É, acho que sim.”
O silêncio tomou a sala mais uma vez enquanto os olhares de ambos se encontravam. Depois de um tempo Draco desviou seus olhos para a parede e Cecillia os dela para o chão.
Eles se entendiam, e aquilo doía... Ter alguém com quem compartilhar a dor tornava-a viva mais uma vez, e ela começava a rugir e arder nos peitos deles. Ela podia sentir a dor se espalhando por suas veias, como se fosse o veneno de uma cobra, intoxicando-a lentamente.
“Se...” – a voz dela falhou de início, mas ela respirou fundo e engoliu a dor. – “Se precisar de companhia pra... Não sei... Qualquer coisa é só chamar...”.
“Claro... Obrigado.” – Draco a agradeceu, mas não voltara o olhar para a mesma.
“Boa noite, Malfoy...” – e ela então se virou para subir as escadas, até ser segurada por ele.
“Draco. Pode me chamar de Draco.” – ele agora voltava a olhá-la, mas não por muito tempo, apenas alguns segundos.
“Certo... Boa noite, Draco.”.
“Boa noite, Cecillia.” – e então, ele a soltou.
Ela subiu as escadas num ritmo lento de início, depois, começou a correr. Quando chegou dentro do quarto, já estava em lágrimas.
Fechou a porta devagar, tentando não fazer nenhum barulho que fosse chamar a atenção, e então, correu até a cama. Sequer se importou em colocar o pijama, ficou ali, chorando e com o coração acelerado até adormecer...







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