Cecillia: 22
- Giovanna Saggiomo
- 27 de jun. de 2016
- 3 min de leitura
O restante da tarde passara naturalmente. Aos poucos Hermione fora capaz de entender um pouco mais sobre a jovem recém-formada sonserina que andava ao seu lado.
Embora o trauma ainda fosse recente, e Hermione pudesse notar que o mesmo ainda estava vívido pelo olhar da outra bruxa sobre algumas coisas, era uma jovem muito forte.
Hermione começara a questionar-se se a decisão do chapéu seletor não fora um tanto quanto injusta com a outra. Ela tinha certeza que a jovem encaixaria-se melhor na Grifinória. A filha de uma comensal da morte apaixonada por Snape, que morrera por amor à Lilian Potter na Grifinória?
É talvez fosse um pensamento tolo. Afinal, tinha certeza que o fato de ser uma sonserina havia ajudado bastante no relacionamento dela com Severus Snape.
Ela ainda estava perdida em pensamentos daquele gênero, sobre como a outra bruxa havia sobrevivido na Sonserina e o quanto ela era forte, quando a menor parou de andar e olhou para o céu. Hermione, que estava distraída, chegou a chocar-se contra ela.
“Oras, o que...?” – a bruxa então guiou seus olhos para onde a outra olhava e sentiu-se petrificada de terror.
Ali, estatelada no céu não muito distante do beco diagonal estava a Marca Negra.
Hermione sentiu as pernas tremerem e a necessidade de correr, fosse para longe da marca ou na direção dela crescia rugindo em seu peito, porém, a jovem diante dela apenas encarava a grande caveira de língua de cobra com olhos atentos.
“Ceci!” – ela então pegou o braço da outra para puxá-la para longe dali junto dela, não entendia o por que da ausência de pânico da jovem ao ver a marca.
“Eu nunca a tinha visto antes...” – a bruxa menor agora estendeu a mão na direção da marca no céu, e mesmo quando a cobra-língua olhou na direção delas, quase como se sentisse a presença das duas, o braço dela não fraquejou. – “É assustadoramente belo, não...? É um símbolo de poder sem igual.”.
“Do que está falando, Ceci?” – a outra agora observava a menor com olhos atentos, quase assustados ao ver que a jovem, assim como Harry, não temia a marca.
“O Lorde raramente matava, você sabe? Quando não eram seus comensais, ele mandava que Nagini matasse. E ela matava, mesmo sendo só uma cobra, porque os feitiços não podiam destruí-la. A Marca Negra revela exatamente isso. A relação entre o Lorde e Nagini.” – a menor olhou para Hermione e continuou ao ver que a mesma não a havia entendido ainda. – “Nós bruxos podemos usar feitiços sem traduzi-los em palavras, mas no geral, gritamos os feitiços. Para gritar, precisamos da língua. E a língua da Marca Negra é uma cobra. É Nagini. Ela é um dos feitiços mais poderosos de Voldemort, é sua mensageira.”.
A bruxa mais velha arrepiou-se ao ouvir o nome. Era bem verdade que já deveria ter se acostumado, mas ao ser pronunciado por uma voa tão doce parecia uma maldição. Apesar de tudo, aquilo fazia sentido e aquela linha de raciocínio fez os fios de cabelo na nuca de Hermione arrepiarem-se.
‘É Nagini, ela é um dos feitiços mais poderosos de Voldemort, é sua mensageira’ e aquele pensamento a fez arrepiar-se, lembrou-se do quanto ela e Rony quase não haviam sobrevivido do encontro com Nagini, não fosse por Neville, talvez não tivessem mesmo sobrevivido.
“Eu entendo agora.” – Hermione concordou, agora passando o braço pelos ombros da bruxa menor e a puxando. – “Mas vamos sair daqui. Não sabemos o que houve ou se é seguro.”.
Cecillia fez que sim com a cabeça e sem esperarem mais ambas aparataram-se para a frente da toca, onde diversos amontoados de cabelos ruivos encontravam-se agrupados próximos da janela da sala, observando os jardins.
Quando entraram Molly correu até elas e abraçou-as.
“Ah, minhas queridas, ainda bem que estão bem! Eu fiquei tão preocupada!” – o abraço fez Hermione corar ao preocupar a bruxa anciã, porém Cecillia sorria de felicidade com o zelo da mãezona.
“Estamos bem, Molly. Ceci e eu voltamos assim que vimos a Marca Negra.” – a maior mentiu buscando não procurar a anciã ainda mais. – “Onde estão Harry e Rony?”.
“Eles ainda não voltaram. Mandaram uma coruja avisando que estariam investigando... Parece que os comensais... Atacaram Askaban.”.
E então o silêncio caiu sobre o cômodo, enquanto todos se entreolhavam e a ruiva que a havia respondido encarava a mais jovem com olhos furiosos.