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Cecillia: 9

  • Foto do escritor: Giovanna Saggiomo
    Giovanna Saggiomo
  • 21 de mai. de 2016
  • 5 min de leitura

Cecillia era sempre observada de perto pela Diretora, Minerva McGonagall, e diversas vezes, Minerva permitia que Cecillia visitasse sua sala para olhar para o quadro de Severus Snape pendurado na parede.

O quadro era bastante simples. Era a sala da Diretora, porém, com um vaso de lírios pintado sobre a mesa. Cecillia sabia que isso fora um presente de Harry Potter, quando ele pedira a pintura para a sala da Diretora de Hogwarts. Ela e o Diretor Snape batiam papo de vez em quando, mas Cecillia nunca ousara dizer seu sobrenome. Não sabia se o ex-diretor teria boas lembranças de sua mãe, e as conversas com ele eram sempre bastante divertidas. O professor Snape era muito culto e agora, ao contrário do que ela ouvira dizer, não era mais rancoroso ou mesquinho. Ele estava livre de sua culpa. Livre de seu trabalho como espião duplo. Livre de todo o preconceito que sofrera durante sua vida e livre de sua angústia. Era um homem saudável e sorridente, sempre cuidando de suas flores.

“Professor Snape...” - Cecillia chamou com um sorriso no rosto enquanto observava o homem acariciar as pétalas dos lírios. - “Como eram as aulas de poções quando você dava aula?”.

“Ah, isso já faz um pouco de tempo, Cecillia...” - ele respondeu ainda um pouco aéreo, até voltar seus olhos negros para a pequena criança diante de si. A criança sorria para ele. - “Bem... Eu era bastante fiel aos livros... E bastante rigoroso. Por quê? O que há de errado com o professor Slughorn?”.

“Nada, nada!” - ela corrigiu rapidamente, temerosa que o ex-diretor fosse fofocar ao professor Slughorn que ela estava reclamando de suas aulas. - “Ele é um bom professor, mas... Não sei... Ele sempre favorece os alunos preferidos dele...” - ela suspirou soprando a franja para fora de seus olhos. - “Isso é normal eu acho... Mas é frustrante... Não entendo por que eu não sou uma das favoritas dele...”.

O professor Severus Snape então se pôs a rir. Oras, a menina estava mal-humorada por Slughorn favorecer seus escolhidos ou por não ser um deles?

“Hahahaha, oras, Ceci... Se você quer ser uma das favoritas dele, basta se dar bem em algumas poções...”

“Ah! Pode ser fácil para você, mas, para mim é tudo tão difícil! Eles parecem hieróglifos! São tantos números e medidas complexas...” - ela observou Severus Snape segurando o riso e logo ela mesma acabou rindo. - “Ah, não ria de mim, professor! Vamos, me ajude!”.

“Certo... Hm... E se eu te passar algumas poções divertidas, você acha que poderia treinar para se sair melhor nas aulas de poções?” - Snape perguntou segurando o riso, ele agora se sentia leve e sem responsabilidades, tinha seu vaso de “Lilies” para cuidar, e tudo parecia melhor do que já havia sido algum dia.

“Claro! Eu ficaria felicíssima!”

E assim foi. Algumas tardes depois das aulas Cecillia corria até a sala da diretora e conversava com Snape, pegando algumas receitas de poções.

A primeira delas foi Amortentia, depois de um tempo, a preferida de Severus Snape, Veritaserum, e após poucas poções Cecillia havia tornado-se ótima na realização de poções e logo se tornou uma das favoritas de Slughorn, sendo até mesma convidada para o Clube do Slug.

Porém, Cecillia não dava muita bola para o Clubinho, preferindo diversas vezes largar Slughorn se vangloriando e bebendo com os demais enquanto corria para a sala da diretora.

O tempo foi passando e com o passar dos anos as visitas de Cecillia diminuíram. Também diminuíram os encontros de Cecillia com a diretora, uma vez que a garota foi se tornando cada vez mais ocupada, foi crescendo...

Sempre que encontrava a diretora pedia que ela mandasse um abraço para o professor Snape, e assim, em seu último dia de aula, resolveu dar um presente ao professor Snape.

Pediu permissão à diretora e correu até sua sala em silêncio, pintou então uma placa sobre a mesa de Snape, ao lado dos lírios:

“Clube/Armada de Snape:

Severus Prince Snape

Cecillia Greenieart”

Esperou então que o professor voltasse ao seu quadro e sorriu de forma doce, apontando o quadro.

“Espero que me perdoe por nunca ter lhe dito meu sobrenome, professor...” - ela parecia bastante sem jeito. - “Tive medo que você deixaria de falar comigo...”.

De início, Severus Snape apenas sorriu para a garota, achando que seria apenas mais uma visita comum, porém, logo seguiu para onde o pequeno e fino dedo dela apontava.

Olhou a placa de forma inicialmente curiosa, depois, ao ler as palavras “Clube” e “Armada” sorriu.

“Agora você pode ter seu próprio Clube... O Clube de Snape, ou a Armada de Snape... Eu não soube que título você preferiria...” – a sonserina conhecia as histórias sobre a Armada de Dumbledore, imaginou se o diretor após não quisera um dia ter sua própria Armada. – “Eu prefiro Armada...”.

Ele então se dedicou a olhar os nomes ali contidos, e foi quando seus olhos negros como a noite sem luar atingiram o nome da garota, voltando-se rapidamente para a mesma.

“Greenieart?” - ele parecia um pouco chocado, encarando Cecillia agora mais de perto. - “Realmente, seus cabelos lembram bastante os de sua mãe... Me desculpe... Você deve ter ouvido bastante mal de mim, e ainda assim foi tão gentil... Como está a sua mãe?”

“Ah, não se preocupe, professor!” - ela sorriu arrumando o cabelo atrás da orelha. - “Mamãe está bem... Hm... Anda obcecada estudando alguma coisa, mas...”.

“E você fica sozinha?”

“Não, não... Papai e meus avós paternos cuidam de mim...” - ela sorriu, sentindo subitamente vontade de poder abraçá-lo para agradecer pela preocupação. - “Obrigada pela preocupação, professor. Você é um anjo.”.

E então Severus Snape ficou corado. Anjo? Não, ele não era um anjo... Imagine, como ele, um sonserino, um Comensal da morte, um assassino poderia ser um anjo? E então olhou para a face sorridente da jovem diante de si. Ela já era uma mulher, uma mulher muito bonita, mas, Snape não conseguia não vê-la de outra forma que não fosse como aquela pequena criança de 11 anos que lhe fizera sua primeira visita no primeiro ano.

“Não, minha querida. Você é meu anjo. Sentirei falta de suas visitas, por isso cuide-se bem, ouviu?” - ele então acariciou a placa sobre a sua mesa. - “Não podemos deixar a minha Armada ou meu Clube com apenas um membro, não é?”.

Os dois então riram, olhando-se nos olhos. Pareciam velhos amigos, seria difícil de acreditar que Severus Snape era a eterna paixão da mãe da jovem diante de si. Porém a jovem passara tão pouco tempo com sua mãe que era impossível culpar o professor por qualquer coisa... Ele era seu professor particular de poções, seu monitor de praticamente qualquer coisa, seu amigo e confidente.

“Sentirei sua falta, professor...” - ela então estendeu a mão na direção do quadro, tocando a borda dele. - “Prometa que vai me visitar se puder... Se tiver tempo... Por favor...?”.

“Prometo pedir que a diretora lhe mande corujas em meu nome, pode ser?” - ele sorriu, sabia que seria impossível sair de Hogwarts.

“Claro... Eu ficaria muito feliz...” - ela então sorriu a ele uma última vez, andando até próximo da porta, virando para trás no último instante. - “Até mais, professor...”.

“Até mais, Ceci...”.

E então, ela saiu pela porta da sala da diretora, com lágrimas nos olhos. Era como despedir-se de um amigo de infância. E então, no meio da escada ela se encontrou com a professora McGonagall.

“Está tudo bem, Greenieart?” - ela perguntou assustada com as lágrimas da garota.

“Sim... Ele gostou do presente... Hm... Apenas... Acho que sentirei a falta dele...” - ela respondeu, sem demorar para abraçar a diretora, pegando-a de surpresa. - “Sentirei sua falta também, professora McGonagall... Por favor.. Se tiverem tempo livre, me escrevam...”

A diretora ficou sem ação, sem saber o que fazer, abraçou-a também, acariciando seus cabelos com os dedos.

“Claro minha querida...” - ela respondeu ainda sem ter certeza do que dizer. - “Apareça sempre que quiser...”.

E assim o assunto se encerrou. Ela acreditava que aquela era a melhor solução, e então, assim foi.

Cecillia sorriu e lhe abraçou, lhe desejando um até logo bem apertado e já com saudades.

“Até, Cecillia.”

E então, ela partiu, voltando para a casa de seu pai.

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