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Cecillia: 14

  • Foto do escritor: Giovanna Saggiomo
    Giovanna Saggiomo
  • 6 de jun. de 2016
  • 4 min de leitura

Quando acordou, sentia o corpo pesado, como se tivesse sido atropelada por um dragão.

O corpo todo doía e ela mal conseguia se mover. Sentindo o quanto aquele colchão antigo era duro. O travesseiro era bastante macio, e embora tudo ali cheirasse a novo depois da garota usar a sua varinha, a sensação de que algo estava faltando não a abandonava.

Continuou com os olhos fechados e mordeu os lábios.

Talvez tudo aquilo não passasse de um pesadelo. Talvez... Talvez ela apenas estivesse achando o colchão duro por ter se acostumado aos colchões de Hogwarts... Talvez aquela sensação fosse apenas por ter movido se muito durante o pesadelo... Talvez... Talvez o cão apenas tivesse saído do quarto para comer e... Talvez ele já fosse voltar junto do pai que sabia quem ela era... Talvez dentro daqueles armários estariam todas as suas coisas... Talvez se ela abrisse os olhos encontraria o cão olhando para ela esperando que ela acordasse... Talvez a mãe ainda estivesse na biblioteca...

Talvez...

Mas como abrir os olhos agora? Como abrir os olhos quando aquele ato iria lhe dizer se ela estava em casa ou naquele pesadelo? Como poderia ela criar coragem para abrir os olhos?

Se aquele pesadelo fosse mesmo real, ela não sabia sequer em que ano estava. Sabia que era após o pai e a mãe formarem-se em Hogwarts. E sabia que era antes das lembranças que ela tinha do pai, uma vez que ele parecia mais novo... Porém, quando exatamente estavam?

Será que Potter já havia matado o Lorde? Ou será que Potter ainda estava em Hogwarts? Será que a mãe estava viva?

E então a realidade a atingiu: Ela não sabia de nada.

Não sabia o que havia acontecido com a mãe, ou com seus colegas, ou com o seu tempo, ou com o Lorde das Trevas e os comensais.

Sequer sabia se o Lorde estava morto, ou se era Potter quem estava.

E então... Então ela abriu os olhos.

Silêncio.

O cão não estava ali lhe encarando com seus olhos manhosos. Os armários estavam vazios. E seu malão não estava no chão diante da cama.

Ela levou a mão ao peito, sentindo a dor de estar sozinha, e sentiu um pequeno objeto ali. O vira-tempo.

Aquela era a prova final de que aquele pesadelo era real, e a pior parte... É que ele estava apenas começando...

Quando se levantou, sentiu como se o núcleo da terra a estivesse puxando para baixo... Pronta para engoli-la inteirinha, sem deixar sequer sinal de que ela existira ali, naquele tempo aonde ela não sabia quem era.

Vestiu então o robe que havia deixado na maçaneta e amarrou-o à sua cintura. ‘E agora?’ era tudo o que seu cérebro conseguia pensar. O que fazer? Descer as escadas e encontrar com seu “pai” ali? E se ele, assim como ela, preferisse acreditar que aquilo fosse apenas um pesadelo? Poderia ela roubar aquilo dele? A paz de seu cotidiano comum?

Por um segundo, pensou em arrumar o quarto inteirinho de novo e aparatar. Desaparecer sem deixar vestígios, abandonar o pai ao seu cotidiano, qualquer que fosse ele. Qualquer coisa que lhe trouxesse paz, que não o fizesse pensar na amada que o trocara.

Porém, para onde ela iria?

Ela não era ninguém naquele tempo.

Não havia nascido ainda, não tinha uma conta, não tinha estudos, não tinha histórico escolar, não tinha emprego... Não tinha nada.

Ela respirou fundo e se virou de costas para a porta, olhando para a janela, onde agora havia uma pequena coruja pousada.

‘É isso!’ – um sorriso formou-se em seus lábios bem formados e rosados. – “O ministério... Hm... Eu espero estar no tempo certo...”.

Virou-se então para a porta e começou a descer as escadas, rapidamente, até encontrar o pai sentado à mesa, encarando o profeta diário.

“Bom dia, pai...” – ela anunciou tentando parecer o mais natural possível.

“Bom dia... Você parece cansada... Não dormiu bem?” – ele olhava-a com olhos doces apesar de tudo, o que a fazia sentir-se ainda mais culpada.

“Dormi... eu, apenas estou um pouco preocupada... Eu... Não sei quando estou...” – ela concluiu de forma desanimada. – “Pai, o que houve com Harry Potter e com Voldemort?”.

“Não diga esse nome...”.

“Então... Ainda está vivo... E Potter? O que houve?”

“Eu não sei de muita coisa uma vez que eu não estava aqui... Mas parece que quando houve o grande ataque à Hogwarts há dois anos...” – ele ignorou a expressão surpresa da filha, sabia que ela queria mais respostas. – “O Lorde das Trevas se feriu bastante, e desapareceu novamente... Potter, Granger e Weasley formaram-se e agora estão trabalhando no Ministério...” – ele respirou fundo. Detestava guerras. – “É só isso que eu sei...”.

“Entendo... Obrigada, papai... E me desculpe...” – ela puxou a varinha de seu bolso e a apontou na direção dele.

“O que... O que vai fazer?”

“Eu te amo, pai...” – Ela concluiu com lágrimas nos olhos. – “Obliviate...”

E então, enquanto as memórias da noite passada e dessa manhã eram apagadas da memória do pai ela correu na direção da lareira. Pegou um punhado de pó de flu e atirou-se contra ela, murmurando o endereço do Ministério.

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