Atalho: 18

Os Malfoys eram conhecidos como uma família muito tradicional, patriarcal e orgulhosa. A própria Narcissa Malfoy, antes de envolver-se no grande ataque de Hogwarts, vivia sempre envolvida em festas beneficentes e festas sociais. E agora, bem, Draco não sabia ao certo o que a mão fazia na Escócia, mas parece que estava juntando alguns artefatos velhos de família. Mas, o motivo de tudo isso que eu lhes disse desde o começo desse capítulo é que, pela forma como foram criados, os Malfoys eram territorialistas e possessivos. O status era de fato uma das coisas mais importantes para um Malfoy, e embora Draco houvesse, aparentemente, aberto mão de continuar sua linhagem de sangue-puros, nem por isso ele mesmo agia de forma menos dominante e orgulhosa dentro de sua casa. A verdade é que Matilda Malfoy notara já o quanto o sobrinho era possessivo com a trouxa e sabia que o ciúmes que ele sentia de Blaise lhe dariam ainda mais argumentos para que ela pudesse lhe falar horrores sobre a trouxa. A idéia principal era, sem dúvida, fazer com que Draco expulsasse a trouxa da casa. Fosse por ciúmes do suposto caso com o melhor amigo, coisa que Matilda defenderia com toda a sua força, ou por amor ao status de sua tão amada família. A trouxa tinha de desaparecer. E quanto mais rápido isso acontecesse, melhor. Matilda, a bruxa no quadro, imersa em seus planos sequer notou quando Draco e Blaise seguiram a trouxa até o quarto dela para largar as tralhas trouxas. Também não notou quando eles desceram as escadas mais ma vez para jantarem a massa com queijo preparada pela elfa Penny. Mas ela notara perfeitamente o quanto Draco estava furioso enquanto a trouxa abraçava Blaise na hora de despedirem-se. Sim, estava na hora de agir.

"Sr. Draco...?" - a bruxa esperou a trouxa subir para o banho, e apenas abordou-o quando o mesmo estava sozinho. - "O Sr. e o Sr. Zabini pretendem dividir essa trouxa?!?". "É claro que não, Matilda!" - os olhos do loiro brilharam em ciúmes e fúria e a bruxa soube que estava seguindo seu plano corretamente. - "Que asneira é essa que está falando?". "Me desculpe! Mas a forma como eles se abraçam e se olham é tão...". "Basta!". "E eu imaginei se o Sr. e o Sr. Zabini acabariam dividindo-a ou acabariam tirando no palito quem a tomaria primeiro!"

O silêncio tomou a sala quando a bruxa terminou sua frase. Draco engoliu em seco. De fato a trouxa não quisera deixar que ele a possuísse hoje mais cedo. Será que pretendia dar esse privilégio à Blaise? E que diabos havia com todos aqueles abraços e aquela felicidade em vê-lo? Qual era o problema dela com ele? O loiro sentiu o suor escorrer de sua nuca até o meio das costas. O corpo latejava e quando deu por si já estava mordendo os lábios. A bruxa o observava de perto e antes que ela pudesse dizer mais uma palavra ele se pronunciou, a voz oscilante de fúria, embora ele tentasse manter a voz fria e indiferente.

"Eu não quero mais ouvir uma vírgula sua, Matilda. Ou será a primeira a ser rasgada. E pare de pensar esse tipo de bobagem.".

E então, subiu as escadas batendo os sapatos, ignorou o quarto de Emilly, nesse momento ele precisava de um banho frio, para apagar diversas coisas. Escancarou a porta do próprio quarto e atirou os sapatos na parede oposta, depois entrando no banheiro, arrancando a roupa e atirando-se sob a ducha gelada. A pele pálida arrepiou-se sob a água enquanto ele corria os dedos pelos cabelos loiros, fechando os olhos, sentindo a água ajudá-lo á voltar á seu estado frio e dominante. Isso era difícil quando estava junto da trouxa. Desde o começo ele tinha dificuldades em comportar-se como o pai. Sempre orgulhoso e frio. Mas precisaria ser assim, precisaria ter as rédeas e dominar a situação. Precisava saber com certeza que a trouxa era dele. E estava na hora de resolver esse problema. De uma vez por todas e imediatamente.

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