Atalho: 12
- Giovanna Saggiomo
- 22 de mar. de 2016
- 3 min de leitura
"Senhorita Emilly." - uma voz irritante a chamou ao longe, seus olhos doíam, e ela não sabia mais se estava viva ou não.
Ela tinha medo de abrir os olhos.
Abrir os olhos lhe diria se estava viva ou morta, e ela não queria saber.
Justo agora... Por Deus! Justo agora que estava tão perto de Draco. Justo agora que ele se mostrava tão carinhoso e cuidadoso, tão atencioso, tão... Tão necessitado dela...
Não queria morrer agora...
...
Mas e se ela não abrisse os olhos? E se a considerassem em coma? E se lhe dessem algo para "encerrar seu sofrimento"?
Aí ela jamais veria Draco...
E isso talvez... Talvez o fizesse triste.
E então, ela fez força e abriu os olhos.
"Senhori... Oh, a senhorita está acordada." - o borrão excessivamente branco com um ponto vermelho que falava com Emilly parecia ser uma enfermeira, seus olhos ainda não haviam se acostumado com a luz de novo. - "A senhorita tem visitas. Uns dois jovens muito bonitos." - a enfermeira loira que usava um batom vermelho berrante fazia gestos estranhos, talvez quisesse fazê-la rir, ou não. Emilly ainda não sabia ao certo... - "Posso deixá-los entrar?".
Emilly fez que sim com a cabeça, e logo a enfermeira se retirou.
Quem seria? Seus pais?
Talvez fossem eles, agora que já era noite, o que ela concluía pela falta de luz vindo da janela, poderiam já ter saído do trabalho...
Afinal, era sempre o trabalho...
Ela se pôs a observar a janela ao lado de seu leito por entre as persianas.
Lá fora estava escuro, e chovia, ou ao menos, parecia chover. Não conseguia saber ao certo que horas eram, uma vez que a chuva poderia causar o escurecimento precoce do dia, mas acreditava que já houvesse escurecido, ao menos, era o que seu relógio interno apontava...
Seus pensamentos foram interrompidos quando ela ouviu uma voz conhecida.
"Em...?" - Blaise entrava no quarto primeiro, sorrindo ao encontrá-la acordada. - "Ah, não se preocupe, ele já vem..." – ele explicou ao ver a garota movendo-se um pouco para tentar ver por trás dele. - "Lembra quando dissemos que não poderíamos ficar com você?" - ele continuou após ela concordar. - "Ainda não podemos... Mas! Agora, você virá conosco...".
"E-está falando sério? Blaise, está falando sério?" - a máquina começou a apitar mais rapidamente, ela notou e ficou calada um instante, tentando se controlar, até a máquina voltar ao normal. - "Onde está Draco? Por que ele não está aqui a enfermeira disse...".
"Por Merlin, como é tudo difícil por aqui! Tive de assinar bilhares de documentos para podermos tirar ela daqui..." – Draco entrou resmungando, mas, ao vê-la acordada, abriu um sorriso. - "Eu senti sua falta." - segredou ele.
Os olhos da trouxa logo começaram a lacrimejar, enquanto ela abria o maior sorriso que podia.
Frágil como estava, mais parecia um sorriso de fome, uma vez que ela estava tão magra quanto a morte pode ser.
Os olhos tanto de Blaise quanto de Draco perderam o brilho por um instante, temeram não haver mais tempo.
Talvez eles houvessem levado tempo demais para tomar a iniciativa de levá-la, talvez ela não resistisse... Mas, talvez... Talvez ela resistisse...
E esse seria o ponto de partida deles.
“Vamos.” - chamou Draco, estendendo algumas vestes para ela. – “Está na hora de sair daqui...”.
A frágil trouxa arrancou do corpo todas aquelas porcarias com um sorriso. Agulhas e eletrodos foram atirados para o lado e ela ignorou as pequenas gotículas de sangue que se formavam sobre os inúmeros furinhos.
Pegou as roupas nas mãos do bruxo loiro e correu até o pequenino banheiro acoplado ao quarto do hospital, trocando-se o mais rápido que pode, uma vez que vez ou outra sentia um pouco de fraqueza.
Quando por fim terminou, o que pareceu levar uma eternidade, usava uma calça jeans azul escura e um tanto batida, uma bata longa e de regatas verde-sonserina e sapatilhas do mesmo tom de verde, os olhos dos sonserinos brilharam ao vê-la vestida.
“Você fica linda de verde...” – Blaise comentou com um sorriso, observando Draco morder os lábios de inveja por não ter conseguido dizer aquilo antes.
“Você é linda de qualquer jeito.” – ele completou, agora andando até ela e a abraçando pela cintura, lhe dando apoio. – “Você está bem...?”.
“Sim...” – ela sorriu e concordou com a cabeça. – “Vamos...?”.
“Sim. Vamos para casa.” – o loiro sorriu e lhe beijou na testa, um sinal de carinho e cuidado, logo a apoiando enquanto saiam do hospital.







Comentários