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Atalho: 10

  • Foto do escritor: Giovanna Saggiomo
    Giovanna Saggiomo
  • 18 de mar. de 2016
  • 4 min de leitura

O tempo que passou após a última acusação da trouxa pareceu uma eternidade, ao menos para Hermione.

Ela se lembrou do quanto fora terrível ter de apagar a memória dos pais, mas, o que realmente a incomodou foi ver a mágoa nos olhos deles.

Claro, eles sabiam que nada poderiam fazer contra o Lorde das Trevas, e claro, eles não acreditavam que poderiam aparecer lá com uma arma e atirar em todos que tentassem se aproximar dela.

Mas nem por isso ficaram felizes quando ela lhes revelou que havia apagado a memória deles.

Ela sabia bem as motivações que levavam um bruxo a apagar a memória de um trouxa. Carinho, amor, desejo de proteger de algo contra o qual eles não poderiam se proteger. Mas a questão era que para isso, estavam justamente atacando-os com algo do qual eles não poderiam se proteger.

O ataque de fúria da trouxa frágil diante dela a fez sentir-se enjoada, culpada à um novo nível, e ela sentiu uma necessidade gigante de sair correndo dali e ir atrás de seus pais, lhes pedir perdão e explicar que nunca havia pensado melhor sobre o assunto, e que se tivesse pensado, talvez não tivesse feito.

De certa forma, de uma maneira que parecia capaz de partir Hermione em duas, ela sentira-se um monstro.

Assim como Draco sempre se achara superior à ela, por ele ser um sangue-puro, ela havia se comportado perante os pais, considerando-se superior à eles por ser uma bruxa, e aquele pensamento... Aquele pensamento a deixou com dor de estômago e náuseas.

“Desculpe-me.” – Hermione começou sem bem saber como continuaria a sua frase. – “Eu já apaguei a memória de alguém que amava muito para protegê-los, mas eu ainda não havia compreendido algo tão simples assim...” – ela então abriu um largo sorriso para Emilly. – “Tenho certeza que eles usaram desse artifício não por não acreditarem na sua competência, mas sim, porque acharam que você sofreria menos dessa forma...” – Emilly abriu a boca para responder, mas, ela continuou, sem deixa-la lhe interromper. – “Eu ainda não sei porque o feitiço de Zabini não funcionou em você. Mas mesmo que tivesse funcionado, se algum dia eles resolvessem voltar para sua vida, você ficaria magoada. Eu entendo agora...”.

Eilly chegou a abrir os lábios para continuar, mas, desistiu, aparentemente Hermione a havia entendido, e naquele momento, aquilo bastava, afinal, embora não soubesse porquê ela estava ali, sabia que ela era quem tinha o controle da situação.

A trouxa então ajeitou-se melhor na cama e observou Hermione com olhos curiosos.

“Quem você enfeitiçou?” – ela então pigarreou e corrigiu. – “Quer dizer, isso não importa muito, mas... Você disse que mesmo se o feitiço funcionasse, quando eles voltassem eu ficaria magoada. Foi isso que aconteceu?”.

“Foi sim. Eles tinham viajado, e ainda não voltaram... Eu acho que eu realmente os magoei quando apaguei a memória deles... Mas assim como Draco e Blaise, minhas intenções foram boas... Eu apenas não me pus no lugar deles para imaginar como se sentiriam...” – ela então olhou para os dois bruxos ao seu lado. – “Tenho certeza que eles também não...”.

Os dois se entreolharam, mulheres eram complicadas... Não fossem deles as duas maiores notas da Sonserina na época de escola duvidavam de que houvessem conseguido entender sequer metade dessa conversa louca das duas.

“Em...” – e Blaise então caminhou até próximo da cama, beijando sua mão. – “Me desculpe... Eu não queria... Mas eu apenas queria protege-la... Por favor, me desculpe eu...”.

“Pode desculpar ele... Ele não quis. A ideia foi minha.” – Draco interveio pelo amigo, ainda parado de pé na porta. – “Eu que o convenci a enfeitiçar você.”.

Hermione Granger nunca havia visto Draco Malfoy proteger ninguém daquela forma, talvez, ele realmente estivesse mudado... Porém, seus pensamentos foram mais uma vez interrompidos quando o eletrocardiograma indicou uma mudança no ritmo.

“Foi sua...?” – os olhos da trouxa estavam mareados. – “Sua...? Eu te amei tanto...”.

“Eu sei... E entendo que não me ame mais... Mas não castigue Blaise por isso.” – ele mantinha sua postura impenetrável, embora Blaise pudesse ver a dor em seus olhos cinzas.

“Você não entende? Eu não deixei de te amar! Em momento algum! Nunca!” – Emilly agora o olhava com uma expressão suplicante. – “Em nenhum momento... Mesmo sem saber quem você era... Eu nunca deixei de te amar... Ou de chorar sobre o ursinho de pelúcia que você me deu...”.

...

O silêncio mais uma vez tomou o quarto, o desconforto tornando-se maior, para os quatro.

Blaise, que não sabia se havia sido perdoado ou não, apenas colocou-se de lado e Hermione pareceu por um momento se perguntar se aquilo tupo podia mesmo ser real...

Uma trouxa completamente apaixonada pelo bruxo mais preconceituoso que ela já vira... E que havia ido até ela implorar que ela salvasse a vida da tal trouxa... E que agora parecia temeroso de que aquela trouxa não o amasse mais...

Isso era sim loucura...

Mas por mais louco que parecesse, era a mais profunda realidade, era possível e claro a ela pelos olhos dos dois aquela urgência em saber que eram correspondidos, e pior do que isso, o quanto a trouxa estava não só frágil e ferida por fora, mas por dentro também.

Foi quando Draco não se aguentou, correu até a trouxa e tomou os lábios dela com os dele. Eram mornos, macios, e bem formados, como ele se lembrava.

Aprofundou um pouco mais o beijo com a pontinha dos lábios levemente contorcida num sorriso, a língua penetrando os lábios dela quando ela permitiu. Ainda tinha o mesmo sabor doce de antes, o hálito morno dela contra seu hálito de menta.

O beijo durou pouco tempo, uma vez que quando os apitos da máquina ao lado tornaram-se irregulares, ele parou e acariciou a face dela, checando para ver se ela estava bem.

Para a trouxa, o sabor do beijo era mais do que simplesmente o hálito de menta dele.

Desde o momento em que seus lábios pequenos tocaram os lábios bem desenhados e másculos de Draco Malfoy, até o momento em que ela começou a ter dificuldades para respirar, ela havia provado o paraíso.

E isso era algo pelo qual valia morrer.

Quando ele interrompeu o beijo ela usou os lábios para respirar fundo, com dificuldade, porém, a máquina apenas apitava mais e mais rapidamente. Ela se sentia tonta, fraca, a respiração se tornando pesada e difícil, embora ela respirasse desesperadamente.

Difícil... Difícil... Dif...

E então... Apagou.

...

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