Atalho: 9
- Giovanna Saggiomo
- 16 de mar. de 2016
- 4 min de leitura
“Senhorita...? Senhorita Emilly?”.
A voz a fez abrir os olhos, a cabeça doía, mas, sentia-se menos frágil agora. Era uma enfermeira mais velha e de olhos azuis que a encarava agora.
“Ah... A senhorita acordou... A senhora tem visitas. Um grupo de sua faculdade veio vê-la e lhe desejar melhoras...” – a senhora sorriu de forma doce. – “Posso deixar que entrem?”.
Emilly respirou fundo por um momento. Não queria ver ninguém agora... Então, apenas fez que não com a cabeça, soltando um suspiro pesado.
“A senhorita tem certeza? Os rapazes disseram que...”.
“Rapazes?” – Emilly estava subitamente interessada. – “Como são esses rapazes?”.
“Um loiro com cara de cobra e um negro alto.” – ela observou o interesse da jovem de forma curiosa. – “Devo deixa-los subir então?”.
“Sim.” – ela concluiu ajeitando-se melhor. – “Muito obrigada.”.
A enfermeira afastou-se e saiu da quarto, provavelmente indo contar aos dois que fora permitida a subida deles.
Emilly ajeitou-se melhor na cama, arrumando melhor a roupa de hospital que usava e seus cabelos.
Ela devia estar com uma aparência horrível, sabia disso. Já fazia dias que estava no hospital, e embora se sentisse um pouco melhor, ela não sabia bem o que esperar da visita deles.
Talvez tivessem vindo para ficar dessa vez... Ou talvez, talvez pretendessem usar a fraqueza dela para tentar apagar a memória dela mais uma vez.
Ela tinha tido tempo o suficiente no hospital para tentar compreender o que havia acontecido.
Draco e Blaise pretendiam deixa-la, mas, após ela não aceitar aquilo eles haviam resolvido enfeitiça-la, porém, por algum motivo o feitiço não saíra como devia, uma vez que ela ainda reconhecia o cheiro de Draco, embora sem saber que era dele, e havia se desfeito completamente quando ela os havia visto de novo.
Certo, até essa parte ela entendera. Mas agora se encontrava apreensiva. O que eles pretendiam fazer agora?
Sua linha de raciocínio foi quebrada quando Blaise e Draco entraram no quarto. Seu coração estava na boca e ela mal podia respirar quando outra pessoa entrou, uma menina de cabelos castanhos bagunçados e volumosos, que diferentemente deles vestia roupas normais.
Ela olhou da garota para eles e depois deles para a garota, antes de ela mesma fechar a porta do hospital atrás de si. Quando após a porta ser fechada ninguém se pronunciou ela respirou fundo e pegou fôlego.
“Quem é você?” – ela disse olhando para a morena.
O silêncio permaneceu no quarto por alguns segundos, enquanto Draco e Blaise lançavam um olhar de: ‘Nós a avisamos’ para a morena.
“Eu estou falando sério.” – Emilly agora quase rosnava entre os dentes, enquanto observava Draco e Blaise com olhos furiosos.
“Abaffiato.” – disse a morena antes de dizer qualquer coisa, o que deixou a outra ainda mais irritada.
“Ah, então é isso! Vocês não conseguiram me enfeitiçar então trouxeram alguém que poderia...” – ela começava a perder o fôlego, ainda estava muito fraca para discussões tão apimentadas. - “Pois eu tenho uma novidade para vocês. Posso estar em meu leito de morte, mas não vou deixar que vocês manipulem o meu cérebro como bem quiserem!” – ela agora rosnava baixo em meio às palavras, sabia bem o efeito daquele feitiço e por isso, sabia que poderia até gritar de fúria se desejasse.
“Meu nome é Hermione Granger...” – a bruxa começou a se apresentar quando foi cortada pela outra.
“Pouco me importa quem é ou como se chama!” – Emilly rosnou mais baixo, não por estar se acalmando, mas, por estar sem fôlego. – “Eu... Arf... Eu não quero...”.
“Não vim aqui enfeitiçar você.” – Hermione concluiu calmamente, esperando que isso acalmasse a outra.
“Hm... Então o que quer?” – Emilly parecia acalmar-se com aquela frase, embora soubesse que os outros dois já haviam mentido para ela, a bruxa parecia sincera.
“É uma longa história... Por favor, acalme-se e se ajeite melhor no leito. Está doente e o eletrocardiograma está mostrando altos índices de perigo.” – ela apontou a máquina ao lado de Emilly que soltava apitinhos a um intervalo simétrico, agora, os intervalos estavam mais curtos do que quando entraram.
“Está bem...” – a trouxa concordou ajeitando-se e tentando controlar sua respiração, com cuidado, até que a máquina voltasse a seus intervalos iniciais. – “Agora, quem é você e o que está fazendo aqui?”.
“Como eu havia dito antes, meu nome é Hermione Granger e eu trabalho para o ministério da magia.” – ela continuou ao notar que a outra não apresentava nenhuma dúvida, no caminho Malfoy lhe contara que Emilly havia aprendido sobre o mundo deles lendo alguns diários antigos, mas, ela não esperou que ela se lembrasse de tantos detalhes. – “Como o motivo de você estar nessa cama é um motivo bruxo eu resolvi vir ver como você estava.”.
“Eu estou viva, na medida do possível.” – ela apontou para uma mesinha coberta com diversos frascos de remédios. – “Eu já havia dito para Blaise e Draco antes... Eu não vou revelar os segredos de vocês.”.
“Em... Acha que é só por isso que estamos aqui hoje...?” – Blaise parecia ofendido com o pensamento da trouxa sobre eles, mas, ela parecia não ter ligado. – “Por Merlin! Viemos porque estávamos preocupados!”.
“Preocupados com o que? Comigo? Depois de terem me enganado e me enfeitiçado?” – ela olhava para eles com uma expressão irada e magoada. – “Eu pensei que gostassem de mim... Eu pensei que fôssemos amigos. E eu te amei, Malfoy!” – ela gritava agora com mais fúria do que antes. – “E vocês me enganaram... Acharam que eu não merecia saber a verdade. Trataram-me como um bichinho que não precisa saber...”.
“Eu só queria proteger você!” – era Draco agora quem se defendia das conclusões dela. – “Eu apenas...”.
“Você ignorou meu livre arbítrio e usou da sua magia para me subjugar às suas vontades”. – as palavras de Emilly bateram fundo na consciência pesada de Hermione por já ter usado magia contra seus pais, o mesmo feitiço, por sinal.
“Emilly, eu entendo que esteja furiosa, mas, entenda que Blaise e Malfoy estavam bem intencionados...”.
“Isso não faz diferença. Eles mentiram pra mim. E usaram contra mim algo do qual eu não podia me defender. Isso, senhorita Granger é domínio. É abuso de poder. É me tratar como se eu fosse um ser inferior e por isso fosse incapaz de compreender o porquê de tal decisão.” – ela fechou a cara e voltou o olhar para o eletrocardiograma.
...
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