Atalho: 7
- Giovanna Saggiomo
- 13 de mar. de 2016
- 3 min de leitura
Emilly havia acordado há pouco tempo.
Estava muito fraca... Não conseguia falar, e havia se comunicado com os médicos por piscadelas. Os olhos eram a única coisa a obedecerem a suas ordens e ela os havia fechados quando os médicos saíram...
Por fim um pouco de silêncio...
Ela sabia que deveria estar preocupada, afinal, havia desmaiado e ido parar no hospital sem nem saber como... Mas, estava tão fraca...
Ela ouviu enquanto passos iam e vinham pelo corredor.
Identificou que alguns deles estavam mais próximos que os demais... Talvez estivessem entrando no quarto?
Ela decidiu fingir que estava ainda apagada, porém, sentiu um cheiro diferente... Um cheiro...
Um cheiro que ela não reconhecia, mas... Era tão... Familiar...
Tão... Estonteante...
Tão intenso que por um instante deixou-a tonta...
...
Draco sentou-se na cadeira ao lado da cama e observou o corpo frágil dela.
Estava tão pálida... O cabelo tão sem vida e brilho... A roupa do hospital trouxa a fazia parecer um saco de batatas feias e aquilo o estava incomodando...
Blaise, de pé ao lado dele, parecia tocado pela aparência frágil da trouxa, mas, embora parecesse sentido, ainda parecia duvidar das habilidades da trouxa.
“Dói tanto...” – Draco suspirou e tocou a mão esquerda dela, com cuidado para não tocar a agulha que entrava em sua pele, fazendo um carinho suave.
Draco notou os olhos dela abrirem-se devagar, como se ela ainda estivesse sob o efeito das drogas trouxas que estavam injetando na palma de sua mão.
Os dois homens inclinaram-se levemente para olhá-la nos olhos.
Os dois viram quando os olhos verde-água da garota brilharam intensamente. Eles entenderam quando ela os reconheceu, mesmo após o feitiço.
A mão direita dela levantou-se do braço da cama e começou a tremer no ar, tentando alcançar o rosto de Draco enquanto os lábios dela tremiam. Ela parecia tentar chamar o nome deles, mas, por mais que ela fizesse força, nada saía de seus lábios.
A tremedeira, tanto em seus lábios quanto em sua mão ainda no ar tornou-se mais forte. A máquina ao lado direito da cama começou a fazer mais barulho, até os apitos tornarem-se um apito agudo e ininterrupto.
Eles notaram quando os olhos dela fecharam-se, sua cabeça tombou de lado e a mão caiu sobre seu colo mais uma vez.
Inconsciente, de novo.
Os dois foram expulsos do quarto enquanto diversos médicos e enfermeiros entravam correndo.
Quando deram por si, estavam os dois do lado de fora do hospital, nos jardins frontais, olhando para as milhares janelas imaginando qual delas seria a de Emilly.
Os dois estavam em choque. A forma como a trouxa os havia olhado... Era tão evidente que ela lembrava-se deles...
Ela se lembrava! Dos dois! E isso era magnífico!
Não fosse o fato de ela estar desacordada numa cama de hospital após ter lhes reconhecido.
Eles não sabiam bem o que aquela máquina indicava, mas, pelo pânico nos médicos quando a máquina apitou, aquilo era sério.
Draco tentou identificar qual das janelas era a de Emilly, mas elas eram todas iguais. Todas tão insignificantemente iguais.
Não era justo que Emilly estivesse ali! Dentro de uma dessas janelas completamente comuns. Ela não era comum. Era extraordinária! Ela superara um dos feitiços mais eficazes do mundo mágico!
E agora... Agora ela estava deitada numa cama, num hospital trouxa, esperando a morte chegar.
“Nãããããão!” – o grito de fúria de Draco interrompeu o silêncio nos jardins, fazendo com que alguns médicos e pacientes que estavam ali em repouso se virassem para ele. – “Ela se lembra de mim, Blaise! Ela se lembra! E mesmo assim, vai morrer! Ela vai morrer, Blaise! E eu não posso fazer nada!” – ele então socou o tronco da árvore mais próxima. – “Eu a amo e não posso fazer nada!”.
O outro apenas calou-se, observando enquanto o melhor amigo despedaçava-se diante de sua incapacidade... Eles não sabiam o que ela tinha... Ninguém sabia. E agora, ela estava morrendo. E não havia feitiço algum que pudesse salvá-la.
Ele estava errado afinal, ela lembrava-se deles, e mesmo estando errado, Malfoy não estava como sempre cantando vitória ao seu redor, estava ajoelhado junto de uma árvore chorando em pânico, sentindo-se um ser completamente ordinário.
Não havia o que o bruxo fazer. A trouxa morreria daquela doença misteriosa, e morreria sem ouvir que ele também a amava. Morreria sem saber o quanto Blaise a achava fascinante.
Morreria sem conhecer todo aquele mundo com o qual ela sempre sonhara.
Ela morreria, e simples assim.
...
...
...
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