Atalho: 6
- Giovanna Saggiomo
- 11 de mar. de 2016
- 7 min de leitura
Draco Malfoy olhou imediatamente para o lado, onde o melhor amigo estava sentado.
“Eu acho que aconteceu alguma coisa com a Emilly, Blaise...”.
“Agora? Mas ainda está cedo... Ela não deve nem ter almoçado ainda...”.
“Estou dizendo que ela está com problemas, Blaise!” – Draco levantou-se e puxou um casaco sobre suas costas. – “Você vai vir ou não?“.
Blaise soltou um suspiro preocupado, há meses eles não viam Emilly, há meses Draco nunca sentira nada... Tudo apontava que dessa vez deveria ser real, mas... O que poderia ter dado de errado se a garota passara tanto tempo bem?
E estava tão cedo... O que poderia ter dado errado? Ela havia se engasgado com os cereais?
Ele a adorava, admirava sua coragem, mas, perdera o tesão, por falta de um termo melhor, por ela quando seu feitiço apagara-os de sua mente tão facilmente...
Talvez aquilo tudo não fosse tão importante para ela... Ou talvez ela fosse simplesmente uma trouxa comum...
E era possível ser um trouxa incomum?
Ele levantou-se e pegou o casaco, seguindo Draco com uma expressão desanimada.
...
Quando chegaram à casa de Emilly a porta estava trancada e embora eles tivessem batido diversas vezes na porta, não ouviram resposta.
Draco afastou-se e puxou a varinha, Blaise cobriu-a com o corpo.
“Você está louco? Vai usar magia aqui? No meio da rua?” – Blaise parecia furioso com o descuido do loiro.
“Não seria a primeira vez, seria? Qual é o seu problema?” – Draco olhou Blaise com fúria nos olhos. – “Está frustrado, Blaise? Está frustrado porque ela não escolheu você?”.
“Não, seu imbecil!” – Blaise deu um tapa na mão de Draco em sinal de que ele guardasse a varinha. – “Ela nos esqueceu! Como qualquer outra pessoa! Ela é comum!”.
“Saia da minha frente, Zabini!”.
“Não!”.
“Eu posso sentir a respiração dela enfraquecendo...” – Draco olhou através de Blaise, diretamente para a porta. – “Ela está aí dentro e precisa de mim. Se eu estiver errado, nós vamos embora e não voltamos nunca mais...”.
“Terei um prazer imenso ao ouvir você dizer que estava errado.” – Blaise rosnou baixo e saiu do meio do caminho.
“Alohomora!” – Draco sussurrou, tentando chamar o mínimo de atenção. – “Vamos...”.
Os dois entraram na sala e esperaram por algum barulho, algum sinal de que ela havia os ouvido.
...
Nada.
...
“Ela pode ainda estar na faculdade.”.
“Não... Ela está aqui. Eu sinto isso...”.
Draco fechou os olhos e buscou se concentrar, parecia algum tipo de lunático a perseguir algo...
Quando abriu mais uma vez os olhos se atirou na direção das escadas e subiu-as correndo. Chegou ao quarto dela e escancarou a porta.
...
Emilly dormia com uma expressão pálida, exausta, mas ainda assim, pacífica...
Blaise que seguiu o loiro poucos degraus a seguir parecia confuso.
“Viu? Ela está apenas dormindo...”.
“Não...” – Draco se aproximou e deitou o rosto próximo do pescoço dela. – “A respiração está muito fraca... Os batimentos lentos...” – Draco virou-se para Blaise, que agora parecia bem chocado. – “Chame... Eu não sei quem! Arranje ajuda!”.
Blaise desceu as escadas correndo, procurando por algum recado em caso de emergências. Embora ainda não estivesse certo de que a trouxa tinha algo de especial, parecia intrigado com o fato de Draco ter sido realmente sentido a fraqueza da trouxa.
“Blaise!” – Draco gritava do andar de cima. – “Ela não está acordando!”.
“Merda, e o que você quer que eu faça?”.
“Ah! Foda-se!”.
Draco pegou Emilly no colo com uma facilidade sobrenatural, ela estava mais leve do que das outras vezes, ele tinha certeza disso.
Desceu as escadas carregando-a de pijamas mesmo e saiu da casa, correndo até a casa mais próxima, esmurrando a porta com força.
Blaise seguiu-o aparentemente curioso com o que o loiro pretendia fazer.
“Socorro! Por favor, é uma emergência!” – Draco esmurrava a porta até que uma senhorinha de cabelos grisalhos abriu a porta.
“Meu rapaz, por Deus, o que houve?” – a senhorinha parecia chocada ao ver Draco com uma garota aparentemente desacordada no colo.
“Por favor, por favor, ela não está acordando! Eu não sei o que fazer, por favor, me ajude!”.
“Calma, rapaz...” – a senhora colocou uma das mãos no ombro direito de Draco. – “Eu vou ligar para o hospital...”.
A senhora entrou em sua casa e pegou um aparelho desconhecido para o loiro, apertou alguns botões e colocou-o no ouvido, começando a falar com o mesmo.
‘Mas que tipo de bruxaria trouxa era essa?’ era a única coisa que Draco conseguia pensar. Até a senhora voltar-se na direção dele.
“A ambulância está a caminho...” – ela acariciou o cabelo de Emilly tirando alguns fios da testa dela. – “Ela deve estar pesada... Não quer coloca-la no meu sofá?”.
“Ahn...” – Draco parecia um pouco chocado com a doçura da velha trouxa. – “Ela está tão fraca... Tão levinha...” – ele suspirou. – “Como se já não fosse leve o suficiente antes...”.
“Você deve gostar muito dela, não meu jovem?”.
“Uff...” – ele desviou o olhar sem jeito. – “Isso não faz mais diferença... Ela já me esqueceu...”.
“Se você sentiu que ela precisava de você, meu jovem... Então é sinal de que ela não te esqueceu...”.
“Ahn…?’ – porém Draco não teve tempo de conversar mais com a senhora, uma vez que um veículo curioso chegou rapidamente, com luzes piscando e fazendo um barulho imenso.
A senhora acenou para os homens que desciam correndo da porta de trás do tal automóvel misterioso e eles vieram correndo na direção de Draco, parando diante dele.
“Nós assumimos daqui. Você é parente dela?” – um dos homens já ia tirando Emilly dos braços de Draco, mas, ele relutou um pouco.
“Não se preocupe, meu jovem. Os médicos irão cuidar bem dela...” – a senhora tentou acalmá-lo um pouco, enquanto ele abria mão do corpo frágil dela. – “Ele encontrou-a... Salvou a vida dela... Ele precisa ir junto para que ela possa agradecê-lo!”.
“Certo... Venha conosco...”.
O homem guiou Draco para dentro do automóvel curioso enquanto Blaise observava tudo próximo da porta da casa de Emilly, ele fechou novamente a porta com a maior naturalidade possível, uma vez que o feitiço de Draco não danificara em nada a porta da casa.
“A senhora pode avisar os pais de Emilly onde ela está?” – Draco perguntou à senhora que agora parecia estar arrumando-se para entrar em casa novamente.
“Claro. Não se preocupe!”.
“Blaise...” – Draco apontou o amigo ao médico. – “Ele pode vir junto? Ele me ajudou a encontra-la, por favor. Prometemos obedecer todas as ordens.”.
O paramédico já estava cansado de tanta gente se metendo na ambulância, mas, pareceu concordar apenas para não terem de discutir mais uma vez...
“Está bem. Subam os dois logo. Vamos para o hospital imediatamente!”.
Draco e Blaise entraram rapidamente na ambulância, sentando-se em uma das laterais enquanto observavam o estado de Emilly. Blaise ainda parecia desconfortável com a situação. Draco em compensação parecia com o coração na mão. Observava Emilly, frágil e ainda desmaiada na maca, com um brilho triste nos olhos.
“Ela vai ficar bem...?” – Draco olhou para uma das paramédicas, a única mulher dentro da ambulância, que checava os sinais de Emilly.
“Vai sim... Apenas desmaiou de fraqueza, não se preocupe.” – a mulher respondia de forma doce, o que provavelmente fez Draco se perguntar por que não podia ter sido ela a descer da ambulância.
“Que bom...” – Draco suspirou profundamente e olhou para Blaise ao seu lado que ainda parecia não acreditar direito que tudo aquilo estava acontecendo. – “Eu sei que você não acredita nela, Blaise... Mas ao menos acredite em mim.”.
“Isso é patético...” – Blaise engoliu as demais palavras de forma mal-humorada.- “Ela já te esqueceu, Malfoy. E você continua aqui salvando ela.”.
Draco fechou os olhos e respirou fundo. Não gostava de ser bicho de estimação de ninguém e a forma que Blaise falava o fazia sentir-se exatamente isso.
Apoiou as mãos nos joelhos e logo se inclinou levemente na direção de Emilly, depois voltando a apoiar as costas na lateral da ambulância.
“Você mesma a defendeu diversas vezes, Blaise. Ou não se lembra de que era você que estava dando em cima dela no início?”.
“É, mas, foi você e a sua grosseria que ganharam um beijo!” – Blaise reclamou. Agora o moreno parecia mais enciumado do que qualquer outra coisa. – “Além do mais... Ela nos esqueceu.”.
“Não tenho certeza disso...”.
“Vai acreditar no que aquela velhinha te disse?”.
“Não interessa no que eu vou acreditar... Ela vai poder nos explicar isso quando acordar...” – Draco desviou o olhar e notou que a paramédica observava a conversa dos dois.
“Bom rapazes, já estamos chegando...” – ela explicou, desviando o olhar sem-jeito ao ser descoberta.
Blaise e Draco notaram enquanto todos os paramédicos começavam a se agitar, verificando alguns equipamentos, e pegando alguns utensílios.
“Por favor, fiquem parados quando as portas forem abertas. Eles vão desembarca-la e a levarão para o quarto para exames e cuidados especiais. Eu descerei com vocês e cuidarei para que sejam chamados assim que ela estiver consciente, está bem?”.
Os dois fizeram que sim com a cabeça, concordando com as regras da paramédica.
As portas foram abertas e tudo correu como o esperado. Emilly foi rapidamente carregada pelos outros até o hospital. Os jovens bruxos seguiram a paramédica até a sala de espera e sentaram-se ao sinal dela.
“Eu chamarei vocês quando ela acordar...”.
“Está bem, obrigado.” – Draco acenou com a cabeça de forma leve, fechando os olhos enquanto ouvia a mesma ir embora.
“Abaffiato!” - sussurrou Blaise enquanto olhava ao redor, mantendo a mão e a varinha dentro do bolso. – “Pronto.”.
“Estamos no meio de um hospital, você está louco?!”.
“Louco? Eu?” – Blaise parecia furioso, mas, sabia que não poderia gesticular ou os trouxas iriam notar a discussão sem som. – “Eu preciso saber. Preciso saber o porquê de estarmos aqui.”.
“Estamos aqui porque Emilly precisa de nós.”.
“Não precisa. Ela apenas está doente. Como qualquer trouxa.” – Blaise rosnou baixinho. – “Ela se esqueceu de nós. Como qualquer um que é atingido pelo Obliviate... Ela não tem nada de especial...”.
“Tem sim...” – Draco olhou ao mesmo. – “Apenas ainda não descobrimos. Eu sinto isso. Assim como senti que ela precisava de mim.”.
“Eu não te entendo, Malfoy... Você têm milhares de opções no mundo bruxo. Por que diabos está perseguindo uma trouxa?” – ele apertou os punho com mais força ao redor da varinha.
“Ela tem algo de especial...”.
“Tolice.”.
“Estou dizendo que tem, Zabini. E minha paciência com você já está se esgotando.” – o loiro rosnou baixo, olhando o outro nos olhos. – “Se quiser ir embora, pode ir. Mas eu não vou te seguir na fuga de uma trouxa desacordada. Do que você tem tanto medo?”;
Blaise já estava se levantando, o que encerrou o feitiço quando a paramédica aproximou-se.
“Ela está muito fraca, e sob o efeito de medicamentos, mas, está acordada...” – ela observou a expressão descontente na expressão dos dois, sentiu um arrepio desconfortável. – “Se quiserem vê-la...”.
“Obrigado” – embora a resposta de Draco fosse curta, a paramédica pareceu entender o que isso queria dizer.
“No elevador ao final do corredor, 5º andar, quarto 595, virando à direita...” – ela sorriu cordialmente.
“Agradeço.” – ele saiu andando na direção do elevador e parou no meio do caminho, esperando por uma reação de Blaise.
“Hunf...” – Blaise reclamou baixinho e seguiu-o. – “Seu idiota...”.
Os dois seguiram o caminho que a paramédica havia lhes indicado, procurando o quarto enquanto o nervosismo fazia o coração deles bater mais forte.
...
Posts recentes
Ver tudo"Draco!" - a voz da trouxa chamou sua atenção. Ele estava àlgum tempo encarando um pequenino par de calçados minúsculos de alguma marca...
"Senhor Malfoy?". A pequena elfa doméstica estava agora encolhida num canto da sala, sem nenhum motivo em especial, uma vez que ele, ao...
"Malfoy!" - uma Hermione Granger atônita e um tanto apavorada forçou-se contra o sofá de sua própria casa. O loiro saíra de dentro da...