Atalho: 5
- Giovanna Saggiomo
- 9 de mar. de 2016
- 3 min de leitura
Na manhã seguinte Emilly acordou atrasada mais uma vez, estava já vestida e não sabia bem o porquê... Não se lembrava de como chegara até a sua cama... E não lembrava o que fizera no dia anterior.
Não se lembrava de nada.
...
Arrumou-se para a faculdade como sempre e desceu as escadas para a cozinha naturalmente.
Estranhou a cesta e os presentes ali presentes, sem se lembrar de como os havia ganhado. Precisava arrumá-los, mas, não tinha tempo para isso agora... Apenas foi até a pequena cobra e o pequeno urso de pelúcia e pegou-os no colo para coloca-los no sofá.
Sentiu algo estranho ao pegar o ursinho no colo, uma tristeza sem motivo... Uma sensação de vazio que ela não sabia explicar de onde viera...
Colocou os bichinhos de pelúcia no sofá e sentiu a sensação de vazio diminuir um pouco, porém, ainda ardendo dentro dela...
Andou até a cozinha e pegou alguns dos doces, jogando-os dentro da mala antes de sair de casa.
A trouxa de cabelos encaracolados longos castanhos arruivados passou seus olhos azuis por sua rua, era um dia frio e era consideravelmente fácil ver uma finérrima camada de gelo sobre o asfalto.
Estava vazia, como de costume àquela hora, todos já haviam deixado seus lares e partido em direção a seus trabalhos ou estudos. Todos, exceto ela. Sempre ela.
Havia dois possíveis caminhos até a faculdade, um deles, era atravessando o velho mausoléu dos Gray, e o outro, era contornando o terreno sombrio do mausoléu.
A garota costumava contornar o mausoléu, mas, dessa vez, ela estava atrasada demais para isso, demais mesmo.
Ela respirou fundo e mordeu os lábios, porém, antes que atravessasse os portões estourados do mausoléu, sentiu como se alguma coisa a estivesse impedindo...
Não sabia explicar se era um pressentimento, ou o que era exatamente, mas ela sentia que não devia adentrar aquele terreno cheio de pinheiros e eucaliptos.
Respirou fundo e então virou as costas para o mausoléu, contornando o mesmo para chegar à faculdade.
Assistiu às aulas e fez o mesmo caminho para voltar ao lar antes de escurecer...
Sentia-se cansada, verdadeiramente exausta... Era como se apenas aquela pequena caminhada já a houvesse derrubado por hoje.
Chegou a casa, pegou alguns outros doces e os bichinhos de pelúcia e subiu para seu quarto. Deixou a mochila de lado e deitou-se na cama, deixando os doces de lado enquanto observava os bichos de pelúcia.
Observou primeiro a pequena cobra. Ela lhe parecia familiar. Fazia-a se lembrar de algo... Algo que ela não conseguia se lembrar... Algo importante, mas, que ela não conseguia relembrar nem reconhecer...
Rendeu-se e deixou a cobra de pelúcia de lado, depois, puxando apenas o urso para o colo.
Era tão... Familiar... Tão deliciosa e dolorosamente familiar. Ela sentia que aquilo era a coisa mais importante que tinha ali... A aparência lhe lembrava alguém, alguém que ela não conseguia lembrar quem... E o perfume...
Ah, o perfume vazia ela sentir borboletas dentro de seu estômago... E ao mesmo tempo que ela atingia o âmago de sua felicidade apenas por sentir o perfume naquele urso, sentiu o vazio em seu peito aumentar... Aumentar cada vez mais... Dominá-la por completo.
“Mas... Que diabos...?” – ela sentiu as lágrimas escorrerem por seu rosto enquanto ela abraçava o urso com mais força. – “Força, Emilly... Força...”.
Ela forçou-se a tentar lembrar... Forçou o cérebro a lembrar. Forçou, forçou, mas, nada veio... Exceto uma enxaqueca devastadora, que acabou apagando a trouxa.
...
E assim foi...
Dia após dia ela levantava-se, contornava o mausoléu e assistia às aulas. Voltava então diretamente para casa, antes que anoitecesse, sempre se cuidando quando passava perto do mausoléu.
Todo dia ao voltar sentia-se exausta... Cada vez pior. À cada dia mais cansada. À cada dia, abraçava o urso com mais força... À cada dia se esforçava mais tentando lembrar de tudo e consequentemente, à cada dia conseguia uma dor de cabeça maior, desmaiando mais cedo...
Com o cansaço se tornando cada vez maior, as atividades diárias foram tornando-se cada vez mais difíceis.
Levantar-se era uma maratona, descer as escadas, um sacrifício, ir à faculdade tornara-se um esforço absurdo. Apenas aparecia quando era extremamente necessário.
Existiam dias em que ela sequer comia para evitar o esforço de ter de descer até a cozinha... Assim se seguiu...
Até o dia em que ela abriu os olhos e não conseguiu sequer se sentar... Na realidade, não conseguiu sequer manter os olhos abertos... Fechou-os novamente... E apagou...
...
...
...
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