Mu Episode: 8
- Gi Saggiomo
- 19 de fev. de 2016
- 6 min de leitura
Não demorou tanto quanto Mayu esperava, embora mais do que ela havia imaginado, para se aproximarem da costa. Ela guardou seus pokemons de volta nas pokebolas e desceu ao píer, logo antes do velho pescador aproximar-se da mesma.
- Bem, acho que você vai em direção ao continente entregar a carta à seja-lá-quem-for. Se sentir-se perdido, você pode dar uma passada para falar com Brawly, o líder do ginásio! Ele conhece todo mundo por aqui. – Mayu levantou uma sobrancelha. Um ginásio? Isso era interessante. – Boa sorte!
O velho desejou com um sorriso, voltando para perto do barco acompanhado de seu wingull.
Mayu se virou na direção contrária e foi na direção da praia... Era realmente uma caminhada agradável e ela pensou em tirar Gray de sua pokebola para que lhe acompanhasse, mas, ciente de que aquilo tornaria sua estadia na cidade mais longa do que o necessário.
O ginásio ficava logo no começo da cidade e Mayu olhou para suas pokebolas... Dividida.
- Bom... Aquele velho me mandou para cá ciente de que eu quereria a insígnia daqui... Ele pode esperar.
Mayu desviou seu caminho na direção do ginásio... O ginásio de luta seria fácil enquanto tivesse Gray ao seu lado.
E de fato, fora. Sem nunca sequer tirar Blaze de sua pokebola a garota atravessou por todos os treinadores do caminho com as potentes mandíbulas de seu poochyena. Gray era um cão alto e extremamente eficiente. Parecia ter um prazer especial em fechar as presas em algo e não soltar.
Ela sequer se preocupou em guardar o pokemon quando entrou na sala de Brawly. A sala era cheia de equipamentos de ginástica de todo tipo e ele estava treinando no centro da mesma. Tinha um físico até que pouco trabalhado para o tanto de máquinas em sua sala.
- Eu treinei duro nas cavernas e nas ondas da cidade... Você quer mesmo me desafiar.
Mayu sequer se deu o trabalho de responder. Ela sentia que o homem estava lhe julgando por sua aparência frágil e sem sequer precisar de uma ordem, o poochyena colocou-se diante de sua treinadora, rosnando ao líder do ginásio.
Seria mais ameaçador se ele já houvesse evoluído, é verdade. Mas assim como sua treinadora, jovem e pequena, o pokemon não hesitou.
- Vamos ver do que são feitos então.
Brawly bateu os punhos um contra o outro e logo lançou seu machop diante de Gray. O pokemon era visivelmente mais bombado que seu treinador. Mas o pokemon cão sequer oscilou.
- Bite!
Ordenou Mayu e sem hesitar, o poochyena avançou contra o machop. Brawly e seu pokemon não pareceram preocupados em defender-se de tal ataque... Uma péssima ideia, uma vez que Gray não avançou na direção dos braços do pokemon de luta, mas sim contra a lateral de seu corpo.
Abriu o focinho longo e pontudo e conseguiu cravar os dentes contra suas costelas, fazendo o machop vibrar de dor. Um crítico. Gray apertou e forçou suas presas mais contra o machop que tentava se desvencilhar, mas, não era sequer perto da velocidade do poochyena.
Mais alguns apertões e o machop foi forçado a ajoelhar-se, apoiando a mão contra o chão. Brawly o chamou de volta, ciente de que o cão não o soltaria tão já.
- Acho que subestimei vocês... Não cometerei o mesmo erro duas vezes. Vai, Makuhita!
Como esperado por Mayu, era um novo pokemon do tipo lutador e o poochiena avançou contra ele com velocidade. O Makuhita sequer tentou se desviar. Todos ali sabiam que ele era mais lento do que o pokemon cão. Ele colocou sua mão no caminho e Gray agarrou aquela parte do corpo do Makuhita com as presas, porém, diferente do machop, o makuhita apenas fechou a cara.
- Agora!
O Makuhita puxou sua mão, puxando Gray para mais perto dele e acertou com um soco poderoso a lateral do cão, forçando-o a rolar para trás, para perto de Mayu.
- Gray!
Ela já estava pegando a pokebola dele quando o cão de pôs de pé, rosnando outra vez e balançando a cabeça para limpar o pó que havia sujado suas orelhas. Ela desistiu de pegar a pokebola do pokemon e se dedicou a procurar uma berry em sua bolsa, jogando-a para o cão, que comeu-a rapidamente.
- Sand Attack! – ordenou Brawly, e o makuhita socou o chão diversas vezes, levantando poeira. – Não pode acertar o que não vê.
- Engano seu. – respondeu Mayu, que fechou os olhos, assim como seu cão. – Bite!
Ela ordenou novamente e o cão saiu correndo para o centro da nuvem de fumaça. Mayu não conseguiu ver o que houve, mas foi ouvido um barulho alto de um pokemon sendo nocauteado e nada mais.
Quando a poeira baixou, Gray estava sentado na direção de Mayu, o rabo abanando contra o chão. Atrás dele. O Makuhita tinha uma clara marca de mordida no topo de sua cabeça. Completamente nocauteado.
Brawly levantou suas sobrancelhas, parecendo surpreso e recolheu seu pokemon. Mayu fez o mesmo e se aproximou do líder recebendo sua insígnia. Ela achava que BRawly tinha dito algo, mas, não pareceu de fato interessante para que ela se desse ao trabalho de ouví-lo.
Ao sair do ginásio a mesma passou no centro pokemon... Nada na cidade parecia fora do normal, forçando com que a garota se afastasse do centro ao caminhar procurando o tal Steven...
Foi quando avistou uma caverna e com um sorriso, adentrou a mesma, foi caminhando pela passagem ampla que guiava mais ao fundo da mesma... Foi quando viu... A parede no fundo da caverna exibia uma pintura antiguíssima de um pokemon antigo lançando chamas pelos céus enquanto vulcões entravam em erupção...
Que tipo de poder era aquele...?
Ela levou um tempo para notar um homem alto e esbelto de costas para ela ao pé da pintura. Observava a mesma com a mesma admiração que Mayu a observava antes... Era algo... Chocante.
Mayu se aproximou, o estilo de roupas do homem de costas era bem diferente das roupas do restante da cidade... Talvez ele fosse o tal Steven.
- Então... No mundo antigo, esse era o verdadeiro poder de suas formas primais...? Eram realmente poderosíssimas, mas... Essa aparência. É diferente da mega evolução... E mais perguntas... Parece que não terei minhas respostas hoje.
- Cahem.
- Hm? – ele pareceu confuso ao ver a garota atrás dele, com uma expressão aparentemente entediada por ter sido ignorada por tanto tempo. – Me desculpe. Você é?
Mas a garota se corou toda quando o homem se virou para ela. Seus cabelos eram num azul tão claro que de longe ela acreditava que seriam brancos, mas... Não eram.
Ele vestia roupas elegantes e tinha uma expressão inteligente e controlada, intelectual. Ela sentiu o coração bater uma vez conforme ela corava um pouco mais, tendo de pigarrear para que sua voz retornasse... De onde quer que havia ido.
- Mayu. Você é...
- Meu nome é Steven. – ele respondeu, não parecendo ter notado a cor das maçãs do rosto da jovem, ou fingindo não notar. – Eu sou um grande entusiasta de pedras raras, então, acabo viajando aqui ou ali. Por isso estou aqui... Mas, e você?
- Eu estava procurando você. – e por um segundo a garota se dera conta do que dissera, fechando os olhos com força e se dando um facepalm imaginário. Deus, o que estava dizendo. – Q-quero dizer, eu tenho uma carta para você. Não minha! Ahn, me pediram para trazer para você.
E sem hesitar, antes que dissesse alguma outra besteira, a garota puxou a carta e estendeu na direção dele.
O homem parecia curioso, mas, não teve nenhuma reação exagerada, ao menos, não como a dela. Seus olhos azuis tão claros quanto seus cabelos acompanhavam cada movimento da garota e ela podia senti-los seguindo suas mãos e braços à cada movimento... Deixando-a ainda mais nervosa.
- Oh. Muito obrigado. – ele agradeceu, de forma educada. – Deve ter sido bastante trabalhoso me encontrar aqui... Sinto que estou lhe devendo uma.
Mayu balançou a cabeça negativamente de forma rápida e desesperada. E Steven deu um sorriso suave, se virando de costas para ela e encarando a parede novamente.
- Se me perdoa a pergunta... Você sente algo de especial quando olha para essa pintura...? – ele parecia verdadeiramente curioso. – Um mundo antigo... Um pokemon lendário com poderes imensuráveis, capazes de ameaçar a humanidade toda... É fácil notar o terror nessa pintura.
- Eu não tenho medo. – Mayu respondeu, sem sequer saber de onde tirara forças para isso, uma vez que suas pernas pareciam fracas, talvez de tanto correr. – Enquanto eu não estiver sozinha... Enquanto meus pokemons estiverem comigo. Eu não tenho medo.
- Sim... Nem todo poder é terrível. – ele se virou para ela mais uma vez, um sorriso enigmático em seu rosto. - Seus pokemons claramente competentes, para que tenha chego até aqui. Eu acho que você tem o que é necessário para se tornar a nova Campeã da Liga Pokemon. Boa sorte com isso.
Mayu arregalou um pouco seus olhos, ele estava falando sério?
- Bem, eu preciso ir agora... Infelizmente. – ele começou a descer as escadas... Estava quase na porta quando parou. – Foi um prazer conhece-la, Mayu.
E então, saiu. A jovem sentiu as pernas tremerem e cederem, e ela caiu sentada no chão de terra da caverna. Ela virou seu rosto para a pintura na parede. Steven estava certo. Ela sentia algo quando olhava para aquela pintura.
Ela sentia suas pernas tremerem, seu coração bater mais alto e uma vontade enorme de continuar seguindo até o fim do mundo se necessário. Ela sentia agora que havia algo ali para ela. Algo dela. Algo que ela não sabia ainda o que era... Mas ia descobrir. Ah, ia.
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